segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Envelhecimento

Epidemia de quedas
Mais de 60% dos tombos de idosos ocorrem em casa


As quedas e suas conseqüências para as pessoas da terceira idade estão assumindo, segundo o governo, dimensões de epidemia. O Ministério de Saúde alerta para o fato de que os custos com a saúde motivados por quedas de idosos no Brasil têm crescido de maneira significativa. Foram gastos pelo sistema de saúde pública, em 2009, R$ 81 milhões com fraturas de idosos – desses, R$ 58 milhões com internações e o restante, R$ 23 milhões, com medicamentos. Há apenas três anos, em 2006, para efeito comparativo, esses gastos foram de R$ 69 milhões. E mais: de janeiro até outubro de 2009, do total de 40.598 internações, 73% delas eram de mulheres – e a osteoporose, doença com maior incidência feminina, o motivo principal dessa desigualdade.
O governo federal reuniu, recentemente, as suas secretarias estaduais e municipais de saúde para discutir o problema e para que em conjunto diminuam as taxas de internação.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo está recrutando mil idosos que tenham sofrido queda no último ano e queiram colaborar com o estudo sobre o perfil desse tipo de acidente. Eles terão que responder a questionário e receberão material e orientação especializada.
Muitos são os motivos causadores da queda na terceira idade: doenças cardíacas que diminuem a pressão arterial, isquemia cerebral (irrigação deficiente no cérebro) e o próprio envelhecimento natural que ocasiona, muitas vezes, perda de visão, osteoporose, problemas de desequilíbrio e vertigens em função de alterações no labirinto, efeitos de remédios e muitos outros. Como diz o médico oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares: “Os idosos que caem provavelmente o fazem por mais de uma razão e, com frequência, é possível tratar estas causas e, com isto, evitar as quedas”.
“Por isso, é importante procurar auxílio médico e não usar remédios sem a prescrição do especialista”, acrescenta o oftalmologista. Seu colega Juan Caballero, também do mesmo instituto, diz que o declínio da acuidade visual é uma das causas mais constantes das quedas dos idosos e explica que, com o envelhecimento, o tamanho e a resposta das pupilas diminuem. “Ao entrar em
um recinto escuro ou sair à noite, o indivíduo idoso tem o risco de queda aumentado, pois o tempo necessário para que o olho senescente – em processo de envelhecimento natural – atinja um nível de sensibilidade à luz igual ao de uma pessoa jovem é maior. Por consequência, indivíduos mais velhos precisam de iluminação adequada para andar com segurança.” Segundo ele, ainda, a percepção de profundidade é alterada e gera quedas, principalmente ao subir e descer escadas.
A fisioterapeuta Juliana Maria Gazzola, especialista em Gerontologia e mestre em Ciências Otorrinolaringológicas pela Universidade Federal de São Paulo, em seu trabalho sobre quedas na terceira idade, afirma que, entre 5% e 10% dos idosos sofrem lesões severas que resultam, invariavelmente, em piora da qualidade de vida, medo permanente de cair, restrições motoras e redução de suas atividades. Ainda, segundo ela, existem os fatores de risco modificáveis e os não modificáveis. Os primeiros englobam os riscos ambientais, limitações visuais, fraqueza muscular e insônia, entre outros, e que podem, de alguma forma, ser corrigidos e evitados. Já os riscos não modificáveis correspondem à própria condição de idade avançada, ser do sexo feminino, apresentar déficit cognitivo e distúrbios de marcha ou equilíbrio e perda de reflexos.

  
Como eliminar as armadilhas em casa e se manter ativo:

- Evitar o uso de tapetes pequenos onde é possível escorregar;
- Instalar corrimões nas beiras de escadas;
- Colocar interruptores de luz em locais de fácil acesso para manter o ambiente sempre bem iluminado;
- Deixar uma luz acesa iluminando o trajeto entre o quarto e o banheiro à noite;
- Evitar manter no chão objetos como chinelos, caixas ou brinquedos;
- Instalar barras para se segurar no banheiro e no Box;
- Escolher quinas arredondadas nos móveis;
- Usar calçados seguros;
- Checar sempre a visão e a prescrição de óculos;
- Visitar o médico periodicamente;
- Praticar exercícios físicos regularmente.

Por: Sociedade Brasileira de Otologia
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. Julho/Agosto/Setembro - 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Automedicação


Verdades e crendices
Ao se automedicar, o paciente mascara os sintomas, sob o manto de diferentes analgésicos.

Não existe nada mais importante, absolutamente nada, que a saúde perfeita, com o mínimo de distúrbios, propiciando bem-estar e disposição para o trabalho ou para o lazer.
Habitualmente ignoramos essa constatação óbvia por descuido, na ânsia de viver intensamente e também por displicência. Comumente, lutamos pela sobrevivência, e nada mais. Nem sempre saúde é o que interessa, salvo quando ela nos ameaça.
Infelizmente não existe ainda nenhum dispositivo que antecipe os sintomas. O máximo que podemos fazer é antecipar as providências, contratando, por exemplo, um bom plano de saúde, já que a saúde pública, sabidamente, não funciona quando mais dela se precisa.
Uma certeza conhecida é que os sintomas de uma doença raramente aparecem de supetão. O mais comum é que eles deem sinais discretos, antes de se manifestarem claramente. Às vezes, os sintomas são traiçoeiros ou mascarados pela excessiva preocupação do doente – hipocondria, por exemplo. De tanto automedicar-se, o paciente mascara os sintomas, escondendo-os sob o manto dos mais diferentes analgésicos.
Outra hipótese é que sugiram algo grave, quando na verdade se trata de mera manifestação neurológica. Os sintomas enganam às vezes os mais experientes profissionais, que precisam ter à mão todos os instrumentos de investigação antes de dar um diagnóstico.
Não sendo médico, o autor não é pessoa autorizada a dissertar sobre assunto de tanta complexidade. Apenas relata constatações, casos e crendices de conhecimento de todos. Refiro-me à imensa popularidade das crendices populares que norteiam os tratamentos por esse país afora, inclusive nas grandes cidades e à porta dos hospitais universitários. Não faltam bancas vendendo ervas as mais diversas, com capacidade de cura de todas as doenças. Há infinita quantidade de relatos de curas milagrosas a partir de ervas. Todos nós, qualquer pessoa conhece um caso de família que se trata à base dessas crendices. Um amigo advogado, de alta sapiência jurídica, aos 80 anos, toma diariamente óleo de alho em pó, cálcio à base de concha de ostras, complexo B, ácido ascórbico e vitamina E com selênio. E toma, ainda, um cálice de solução de cloreto de magnésio, de manhã e à noite.
Consultei meu geriatra a respeito disso e ele afirmou que nada disso é necessário se o indivíduo tiver uma alimentação diversificada, que contemple a maioria dos cereais, legumes e demais nutrientes disponíveis em qualquer lugar do mundo. A boa alimentação e exercícios físicos adequados à idade são tão eficientes quanto todas essas invencionices populares.
Já os adeptos dessas medicações ditas caseiras alegam que se baseiam em experiências milenares e acusam os médicos alopatas de se renderem à indústria medicamentosa, que lhes pagam viagens e simpósios, inclusive internacionais.
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo não tem, entre as 55 matérias obrigatórias do seu curso de graduação, acupuntura nem homeopatia. Perguntei certa vez a um de seus diretores qual a razão e ele foi claro: não existe comprovação científica de que essas especialidades sejam realmente eficazes. Alguns professores reconhecem o valor desse tipo de tratamento e alguns deles, individualmente, os adotam ou recomendam a seus pacientes. Mas a faculdade, como instituição de alta responsabilidade, nunca aprovou a inclusão dessas especialidades como matéria oficial.
Enquanto isso, nas feiras ou barracas à porta das faculdades as ervas e crendices se proliferam. Nenhuma instituição conseguiu abolir a prática das crendices e os recursos sobrenaturais. Alguns admitem que, além de ciência, medicina é também
uma questão de fé.

Por: Flávio Tiné

Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. JulhoAgosto/Setembro - 2010

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