quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pele em erupção


Regiões com muitos pelos são alvo para 
manifestação dessa infecção provocada por bactérias



    Ela é sorrateira. E, quando menos se espera, a pele já está infectada, pois no folículo piloso, lugar onde nascem os pelos, formaram-se nódulos avermelhados e bem doloridos quando comprimidos. Estamos falando do temido furúnculo, problema provocado pela bactéria Staphylococcus aureus. Em alguns pacientes, apontam estudos, a S. aureus pode estar presente na pele e mucosa nasal. 
    “Furúnculo é uma infecção bacteriana da pele que se caracteriza pela presença de um ou mais nódulos  inflamatórios, ou seja, com vermelhidão, calor e dor. Com o passar do tempo eles ‘amolecem’ na parte central (flutuação), e surge sua abertura espontânea com saída de secreção purulenta”, explica a dermatologista Fátima Rabay, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-SP). 
    Segundo a médica, o furúnculo manifesta-se com mais frequência nos membros inferiores – coxas, virilha e nádegas –, e também aparece em qualquer lugar do corpo rico em pelos, com transpiração significativa e sujeita aos atritos – as axilas são exemplos.
    As pessoas mais propensas a ter furúnculo são homens após a puberdade, em virtude da quantidade de pelos, informa Adriana Cristina Caldas, de São José do Rio Preto (SP), especialista em dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. “O furúnculo em si não é hereditário, porém a predisposição que algumas pessoas têm em adquirir essa infecção é que pode ser herdada”, completa a profissional.
    O diagnóstico do furúnculo baseia-se na análise clínica e, dependendo de cada caso, colhe-se cultura da secreção para identificação do micro-organismo causador. A sugestão médica é tomar cuidado com a manipulação e higiene dos nódulos, portanto, não vale espremer nem coçar os furúnculos. 
    “Como é causado por uma bactéria”, diz Adriana Caldas, “o fato de manipular as lesões pode facilitar que essa bactéria penetre em outro folículo, levando à formação de novos furúnculos”, reforça a dermatologista, acrescentando que, de uma pessoa para outra, também é possível uma contaminação, embora não seja tão fácil. “É importante que haja uma atenção especial para as crianças, pois essa transmissão pode ser mais eficaz”, pontua. 
    Outra complicação cutânea é a furunculose. Trata-se da recorrência de vários furúnculos repetidamente, sendo associada, entre inúmeros fatores, a problemas de defesa do organismo em impedir a infecção nos folículos.
    Antibióticos tópicos, compressas mornas e uso de sabonetes antissépticos são ferramentas empregadas para evitar a disseminação da bactéria na extensão cutânea. “O tratamento é feito com antibióticos orais ou injetáveis e drenagem cirúrgica, caso não ocorra sua saída espontaneamente”, indica Fátima.
    Mas há como prevenir esse incômodo? A chave está na assepsia. Estão na lista de recomendações as roupas limpas, incluindo toalhas, lençóis e travesseiros, e vestimentas não muito apertadas, que atrapalhem a respiração dos folículos, além de secar bem o corpo e as áreas de dobras da pele. “A prevenção é feita com boa higiene pessoal e com as roupas. Lavar bem as mãos quando manipular as lesões, aplicação de curativos fechados e antibióticos locais nos orifícios naturais, como no nariz e ânus”, finaliza a dermatologista Fátima Rabay.