segunda-feira, 20 de junho de 2011

Pré-eclampsia

GESTAÇÃO PERIGOSA
                           
                               
                 Atenção à pressão arterial é primordial para as futuras mães.


Se fôssemos descrever o termo “gerar um filho”, poderíamos resumir o tema em uma palavra: cuidado. A futura mãe deve estar atenta a uma série de recomendações para que a gravidez seja saudável tanto para ela como para o bebê. No rol desses cuidados está a pressão arterial, “termômetro” que, sem controle, proporciona complicações diversas e graves. A pré-eclampsia é uma delas, podendo se agravar para a
eclampsia e a Síndrome de HELLP (sigla em inglês de Hemolysis Elevated Liver Low Platelets). O obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), Mário Macoto, explica que a pré-eclampsia é a hipertensão
arterial associada a edemas generalizados, bem como à proteinúria, que é perda de proteína pela urina após
a vigésima semana de gestação (entre o quarto e o quinto mês), apresentando-se na forma leve ou grave. Já a eclampsia é o desenvolvimento de convulsões em gestantes com sinais de pré-eclampsia.
“A presença de hemólise (ruptura de glóbulos vermelhos), elevação de enzimas hepáticas e diminuição das plaquetas (plaquetopenia) em gestante com pré-eclampsia grave e eclampsia é definida como síndrome de HELLP”, diz. Segundo ele, além do aumento de pressão arterial e inchaço, cefaleia, turvação visual e epigastralgia (dor estomacal) são outros agravantes do problema.
Dados da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) mostram que a hipertensão arterial é um dos principais
fatores de risco para doença cardiovascular nas mulheres e ganha mais destaque na gravidez. Pressão alta
nesta fase é relativamente frequente – abrangendo de 10% a 15% das gestantes. A incidência da pré-eclampsia no mundo fica em torno de 2% a 10%, sendo estimados 5% de casos no País. “O seu estudo se justifica por ser responsável por 37% das mortes maternas diretas no Brasil”, acrescenta o obstetra do Hospital Santa Joana. Não se sabe ao certo quais são as causas da pré-eclampsia, porém existem indícios a serem considerados como má adaptação do leito vascular da placenta no útero – denominada placentação insuficiente –, questões imunológicas e genéticas. As “mães de primeira viagem” (primigestas), mulheres com histórico de hipertensão arterial prévia à gestação, diabetes, doença renal, doenças do colágeno, estados
trombofílicos, obesidade e antecedente familiar de hipertensão são suscetíveis a desenvolver pré-eclampsia.
Para Maria Rita Lemos Bortolotto, médica assistente da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas de São
Paulo (HCFMUSP), e Luiz Bortolotto,médico da SBH e diretor da Unidade de Hipertensão do InCor, considera-se hipertensão na gravidez o mesmo índice usado à população, ou seja, quando fica maior ou igual a 14 por 9 (≥ 140 mmHg x 90 mmHg). “Para o controle da pressão, na primeira metade da gravidez o objetivo é a normalização da pressão arterial, 12 por 8, e na segunda metade é reduzir em 25% a 30% os
níveis da pressão, para garantir melhorperfusão da placenta”, respondem.
Em virtude das disfunções no organismo das mães, os profissionais completam que repercussões podem
acometer o feto, como restrição de crescimento, prematuridade e até óbito intrauterino ou neonatal. Já na mulher, se não há tratamento prévio e adequado, podem ocorrer complicações importantes como edema pulmonar, acidentes vasculares cerebrais (AVCs), infarto agudo do miocárdio e até morte
materna.
Estima-se também que aumentam em 30% as chances de uma mãe que já teve pré-eclampsia passar novamente pela situação. Por isso, redobrar a atenção e ter acompanhamento médico nesse período é extremamente necessário.
Nas formas mais leves da préeclampsia, recomendam-se repouso e dieta hipossódica e, se for preciso,
tratamento medicamentoso para controlar a pressão. “Já nos casos graves, a paciente sempre deve permanecer internada, e é indicada a antecipação do parto, variando conforme o estado clínico materno e fetal”, salientam os doutores Luiz Bortolotto e Maria
Rita.

Por Keli Vasconcelos  - Revista + SAÚDE  -  Ano 2, N°6

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