segunda-feira, 7 de maio de 2012

Pilates - Paulo Castelo Branco


Decidi interromper os exercícios de musculação
e procurar nova modalidade de atividade que
pudesse me garantir uma velhice saudável




    Dia desses, li no site do mestre Hélio Fernandes – www.tribunadaimprensa.com.br – um texto do Eduardo König que tratava da velhice. Eduardo, que é engenheiro, fez um roteiro para idosos no qual ensina que a poupança garante uma velhice melhor, desde que não seja muito, pois você pode desembarcar deste mundo num segundo e deixará a grana para a alegria dos herdeiros. Diz, ainda, que os idosos não devem ficar pensando na descendência com fixação, afinal, como pais, já devem ter oferecido tudo para que os filhos possam tocar suas vidas.
    Para completar, Eduardo orienta que nós, os ex-velhos, ex-terceira idade e hoje idosos, devemos ter uma vida saudável, sem exagerar nos exercícios, nos alimentos, na bebida alcoólica e mesmo na atividade sexual. Tudo deve ser feito com moderação. Dirigir, só até o dia em que se sinta seguro nas dificuldades do trânsito. Nada de estresse, e cuidado com as “mulheres gasolina”. Depois de arrolar uma série de ações que tor-nam a vida dos idosos mais feliz, o autor recomenda uma frase como resposta à inevitável pergunta: – O que você fez na vida? Responda: – Vivi!
    Foi com essas palavras atormentando a minha cabeça que decidi interromper os exercícios de musculação e procurar nova modalidade de atividade que pudesse me garantir uma velhice saudável. O primeiro passo foi em direção à meditação. Orientou-me uma especialista que me levou às profundezas em busca do meu eu. Não me encontrei, apesar de reconhecer a seriedade da meditação e da importância para muitas pessoas atoladas em problemas. 
    Segui outro rumo com um grupo de praticantes de ioga. Quando prestei o serviço militar, conheci um mestre que dava um show nas nossas horas de atividade física. Eu achava o soldado “De Rose” um espanto com a sua concentração e imaginava que, um dia, eu pudesse praticar exercícios com tanta perfeição. Desisti, pois, também não era a minha vocação, como não foi na juventude.
    Mas não desisti de todo. E encontrei, depois de outras tentativas, o exercício que me tem proporcionado uma vida saudável e divertida. Foi no “Pilates” que, af inal , consegui acalmar os meus músculos e nervos, além de me divertir muito com a forma de as professoras conduzirem a aula. Eu, um idoso, nunca havia experimentado exercícios e orientações tão sutis e engraçadas nas aulas a que tenho me submetido duas vezes por semana na “Salute”, logo eu que de salute só conhecia o Royal. A professora começa a aula determinando que eu respire profundamente. Mas não é uma respiração qualquer não. É preciso inspirar com concentração e, em seguida, expirar, soltando o ar e, acreditem, levantando o púbis em direção ao umbigo, e ir subindo o bumbum até não aguentar mais. Em seguida, dar uma inspiradinha e voltar a expirar descendo o bumbum pelas costelas, uma a uma, até colar a coluna no chão. Parece difícil na primeira aula, mas não é; a dificuldade continua por todos os dias. Depois dos exercícios de alongamento, é a vez de outros executados nuns aparelhos cheios de molas que devemos puxar com os pés e braços. Por fim, o exercício de alongamento das pernas que devem ficar esticadas sobre um baú e que chamo de “esticando as canelas”. Quando você pensa que acabou, vem o prêmio. Deitado no chão, sua coluna é alongada por duas mãos fortes que o esticam como se você tivesse crescido uns dez centímetros em um segundo.
    Estou feliz com o “Pilates”. A mobilidade voltou, a mente ficou mais leve e acho que vou me matricular numa escola de dança de salão. Aí, sim, acho que terei uma velhice tranquila e, como disse o König, quando chegar a minha hora de desembarcar, prestarei contas com grande flexibilidade, o que espero, também, do meu Interlocutor.

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