quarta-feira, 23 de maio de 2012

Vida controlada


Dietas e a prática de exercícios físicos regulares 
ajudam a prevenir a doença



Neusa Pinheiro

    Para o diabético, a distância entre uma vida normal, com qualidade, sem grandes complicações de saúde, e outra com muitas privações  depende de se controlar ou não os fatores de risco da doença. 
    O acompanhamento da doença por meio de aparelhos de medição e os novos conhecimentos sobre o assunto são amplamente divulgados e as precauções têm que ser tomadas, mediante o controle rígido das taxas de glicose no sangue, com injeção de insulina, em alguns casos, além de dietas e a prática de exercícios físicos regulares.
    Os sintomas podem demorar muito a aparecer e o preço do desconhecimento pode ser alto.
    O diabetes é causado pelo aumento da glicose no sangue, que acontece pela falta de um hormônio produzido pelo pâncreas, chamado insulina. O pâncreas tem como principal função levar o hormônio até as células. Se este transporte não for realizado, o açúcar se acumula na corrente sanguínea.
    Em muitos casos, o organismo deixa de fabricar a insulina ou a produz em níveis muito baixos – é o que acontece no diabetes tipo 1, quando é necessário tomar injeções diárias do hormônio.
    Ainda é desconhecida a causa deste tipo de diabetes. Não se sabe se acontece pela existência de um determinado gene, por problemas emocionais ou agentes externos como algum vírus. Geralmente, ele acomete pessoas abaixo de 35 anos e não tem cura. O próprio organismo identifica a insulina como um corpo estranho e a destrói.
    Já o diabetes tipo 2 é menos agressivo, mas não menos perigoso. O pâncreas continua a fabricar a insulina, mas em níveis abaixo do necessário, e o excesso de glicose, que não vai para as células, também fica circulando nos vasos sanguíneos.
    Esse tipo tem mais relação com a obesidade e o sedentarismo. O endocrinologista Augusto Pimazoni-Netto, da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo –, explica: “Ainda não é possível prevenir o diabetes tipo 1, mas o tipo 2, que atinge a maior parte da população, pode ser prevenido por alterações no estilo de vida, como a adoção de uma dieta saudável e a prática de atividades físicas”.
    Alguns sintomas são comuns para a detecção do diabetes, sendo eles a perda de peso, cansaço, vontade de urinar frequente, fome em excesso, sensação de dormência nas mãos e pés, dores no estômago e feridas de cicatrização difícil. Quem tem o diabetes tipo 1 deve medir diariamente (e mais de uma vez até) a taxa de glicose no sangue, que não deve passar, em jejum, de 110 mg/dl. Esta taxa também serve de referência para o diabetes tipo 2.
    A doença pode causar complicações graves, como a perda da visão, de um membro (em função de necroses), impotência e AVC – acidente vascular cerebral. Estima-se que no Brasil existam perto de 10 milhões de diabéticos, dos quais 90% têm o tipo 2. Para sua prevenção, é necessário que anualmente sejam feitos exames como o de pressão arterial, de colesterol, o acompanhamento rotineiro das taxas de açúcar no sangue e que se verifique, logo no início, se já houve algum dano à saúde.
    Uma vez que a doença se configura como glicose demais no sangue, é claro que a precaução básica é evitar alimentos que contenham açúcar e carboidratos simples. Os carboidratos são fontes de energia para o corpo, essenciais para a prática de atividades físicas. No entanto, bolos, biscoitos, chocolates, arroz, batata cozida e outros alimentos são proibidos. 
    De acordo com a médica nutróloga Tamara Mazaracki, membro titular da Associação Brasileira de Nutrologia, são recomendados os carboidratos complexos, ricos em fibras e proteínas encontrados nas verduras e legumes, nas oleaginosas (castanha, noz, avelã), nas leguminosas como a ervilha, lentilha, grão-de-bico e nos cereais integrais como a aveia e massas. Segundo ela, os alimentos diet, ao contrário do pensamento comum, devem ser evitados, pois aguçam a vontade do paciente de ingerir açúcar e, geralmente, possuem alto valor calórico, dificultando a manutenção de peso.
    Tomar insulina nem sempre é recomendado, apenas em casos do tipo 1, mas a dieta rígida e a prática de atividade física é boa para todos os diabéticos. Os exercícios físicos, principalmente os aeróbicos, trazem inúmeros benefícios. Estimulam a produção da insulina, aumentam a capacidade dos músculos de absorver a glicose, diminuem a gordura corporal e previnem complicações associadas à doença.
    O professor e educador físico Alexandre Vieira, da Uniban, afirma que o excesso de atividades físicas pode, por outro lado, prejudicar a saúde do doente. Pois é possível gerar o efeito inverso de falta de açúcar no sangue, a hipoglicemia. Portanto, o monitoramento deve ser sempre realizado antes, durante e depois da atividade física.

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