sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Inflamação Intestinal

Disfunção Crônicas tem tratamento individualizado

Stylephoto /Dreamstime.com


    Seu nome ainda soa estranho para muitos, mas o distúrbio pode atingir pessoas de qualquer idade e de ambos os sexos, com predisposição genética. Trata-se da Doença de Crohn (DC) – que leva o nome do médico que a descreveu em 1932, Burril B. Crohn –, um processo inflamatório crônico que ocorre em qualquer parte do trato gastrointestinal, principalmente na porção inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso.
  “Os sintomas são muito variáveis, dependendo dos locais de acometimento da doença. Os principais são diarreia, presente em cerca de 70% dos pacientes, geralmente sem sangue ou muco, a não ser que exista acometimento colônico importante; dor abdominal, também em 70% dos pacientes, predominantemente localizada no quadrante inferior direito; e emagrecimento, em cerca de 60% dos pacientes”, explica André Zonetti de Arruda Leite, gastroenterologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP. Segundo o diretor da Regional Guarulhos (SP) da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn – ABCD, coloproctologista Wilton Schmidt Cardozo, os indícios da disfunção podem variar de leve a grave. “A doença é caracterizada por fases agudas (atividade da doença) e períodos de remissão (sem sintomas). Algumas pessoas podem apresentar manifestações consideradas extraintestinais como doenças de pele, nos olhos e nas articulações”, acrescenta. Formação de fístulas, trajetos que geram trânsito anormal de fezes, ligando regiões diferentes do intestino ou a órgãos como bexiga, superfície da pele e do ânus, por exemplo, também são complicações apresentadas em uma parcela dos pacientes.

   Até o momento não foi descoberta qual a causa ou causas da Doença de Crohn, que predomina em pessoas jovens – entre 15 e 35 anos. Porém, o sinal que pesa para o seu aparecimento é a predisposição genética associada a fatores ambientais como tabagismo e alimentação. “Existe maior incidência em parentes de primeiro grau. É considerada uma doença multifatorial, com componente genético e ambiental, incluindo a alimentação, fumo e uso de medicações, apesar de não ser causada por nenhum remédio, bactéria ou por algum tipo de alimento”, completa André Zonetti. A DC está no rol das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), junto com a colite ulcerativa (ou retocolite ulcerativa), que são confundidas por terem características semelhantes. No site da ABCD, a colite ulcerativa é descrita por atingir a camada mais superficial (mucosa) do cólon de modo contínuo, diferentemente da Doença de Crohn. “O termo doença inflamatória intestinal é utilizado para descrever em conjunto a retocolite ulcerativa e a Doença de Crohn e, apesar de serem doenças distintas, acredita-se que a lesão intestinal em ambas as patologias ocorra em consequência à resposta  exagerada do sistema imune contra a própria flora intestinal”, enfatiza o profissional do HCFMUSP, André Zonetti de Arruda Leite.

  Wilton Cardozo, da ABCD, afirma que a DC tem diagnóstico confirmado por meio de avaliação clínica, que engloba história do paciente e exame físico, além de uma combinação de investigações baseadas em exames laboratoriais como endoscopia, colonoscopia, radiologia e biópsias do intestino. “O prognóstico, isto é, a perspectiva que se tem em relação à doença em longo prazo, varia conforme o grau de comprometimento e localização da doença. No entanto, consultas periódicas,exames de controle e uso das medicações prescritas prolongarão os períodos de remissão”,complementa. O tratamento da Doença de Crohn, de acordo com Cardozo, é individualizado, dependendo do nível de comprometimento e local atingido pela disfunção. Uso de corticoides, imunossupressores, terapia biológica (anti-TNF) e cirurgia – para os casos mais sérios – são indicados para este distúrbio que não tem cura, mas terapia adequada. Seguindo as recomendações médicas, os pacientes com a Doença de Crohn têm a vida normal e produtiva. Basta conhecer, entender e enfrentar o problema.


 Por: Keli Vasconcelos
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. Julho/Agosto/Setembro – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

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