segunda-feira, 2 de maio de 2011

Síndrome do pânico

Medo paralisante
Tratamentos para a doença incluem de sessão psiquiátrica a acupuntura



A síndrome do pânico, também chamada de transtorno do pânico, atinge mais de 170 milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se de uma doença que se caracteriza por crises inesperadas de medo e desespero. A pessoa tem a sensação de que vai morrer. O coração dispara, sente falta de ar, tremor e sua abundantemente. Quem padece de síndrome do pânico sofre não só durante as crises, mas também nos seus intervalos, pois fica cada vez mais inseguro e angustiado com a perspectiva de que outra crise pode acontecer a qualquer momento. O medo de sofrer novo ataque afeta a qualidade de vida do doente, que se isola e evita até mesmo a realização de atividades do cotidiano.

Na visão dos psiquiatras, o distúrbio diagnosticado por Sigmund Freud como neurose de angústia e neurose de ansiedade, tem base constitucional e estrutural no sistema nervoso central e fortes indícios de relação com a evolução humana e genética. Além disso, hoje os pesquisadores já aceitam que a predisposição orgânica, associada a fatores emocionais, é desencadeadora do transtorno e pode contribuir para a manutenção ou o agravamento dos sintomas.

Além do grande sofrimento individual, as doenças mentais representam um alto custo médico e social, principalmente quando se sabe que atualmente são a terceira causa de afastamentos do trabalho. Os transtornos de ansiedade são os mais freqüentes entre as alterações de ordem emocional registradas nos serviços de saúde, indicando uma incidência em torno de 4% a 6% da população em geral. Sua ocorrência é três vezes maior entre as mulheres e se manifesta principalmente na faixa etária dos 14 aos 45 anos. As informações são do psiquiatra Luiz Vicente Figueira de Mello, supervisor e pesquisador do Programa de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Pesquisas realizadas nos anos 1990 indicaram que a ocorrência de desordens de pânico é maior entre parentes de primeiro grau (pais, filhos ou irmãos), variando entre 15% e 24,7%. A estatística, considerada alarmante, mostrou a necessidade de maiores alternativas de tratamento para enfrentar os sintomas da doença e buscar a diminuição das crises. Por isso, o tratamento geralmente associa antidepressivos e tranquilizantes com terapia cognitiva comportamental. Alguns médicos começam a recomendar também exercícios físicos e respiratórios, além de técnicas de relaxamento e até meditação, como alternativas para ajudar o paciente a recuperar sua qualidade de vida.

Para o médico Marcio Bernik, também do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP, a moléstia foi subestimada durante muito tempo e, ainda hoje, a maioria dos novos casos não é reconhecida, diagnosticada ou tratada de forma apropriada. “Ao se confirmarem os estudos epidemiológicos mais recentes, os transtornos de ansiedade têm prevalência muito maior do que se imaginava e o que se constata é que a ocorrência das doenças mentais é similar à dos distúrbios cardiovasculares, inclusive da hipertensão”, alerta Bernik.

Segundo ele, os transtornos psiquiátricos mais comuns são a fobia social, seguida de ansiedade, pânico e obsessão compulsiva. “A ansiedade pode ser considerada uma emoção natural e útil porque mantém o organismo em alerta e atento a um risco eventual, como aquele que nos leva a olhar para o lado antes de atravessarmos a rua. Mas, quando esse estado passa a ser constante, vira uma emoção negativa que precisa ser tratada, pois pode levar ao desgaste físico e emocional intenso, desencadeando crises de pânico que levam à incapacitação das pessoas até para o convívio social”, explica o especialista.

O problema pode se manifestar por meio da preocupação excessiva, medo, pensamentos negativos e expectativa catastrófica sobre eventos cotidianos. Esses sentimentos muitas vezes vêm acompanhados de alteração na respiração, tontura e, em situações extremas, sensação de estar fora do corpo, chegando às vezes a provocar comportamentos agressivos e fala compulsiva. Em pessoas com propensão para doenças mentais, o pânico pode ser desencadeado pelo uso exagerado de medicamentos, como os corticoides e a maioria das anfetaminas, utilizadas como remédio para emagrecer, além do álcool e das drogas classificadas como psicoestimulantes, como a cocaína e o ecstasy.

Os pacientes com crise de pânico geralmente são perfeccionistas e tendem a assumir responsabilidades além do seu próprio limite. Quando ocorre alguma situação inesperada e traumatizante – como a perda de um ente querido, um abalo profissional ou financeiro –, o nível de estresse é tão alto que pode desencadear a crise, com os sintomas que, às vezes, se confundem com os sinais de infarto, o que agrava ainda mais a sensação de morte iminente.

Essa também é a conclusão da fisioterapeuta Máera Moretto, autora do livro O mestre do seu sistema – O caminho de volta da ansiedade e da síndrome do pânico. Nele, a autora relata casos fictícios, baseados em mais de 300 pacientes que atendeu com ansiedade descontrolada e síndrome do pânico. Para a autora, esses distúrbios ocorrem quando há uma pane no organismo, provocada pelo uso excessivo ou desordenado de energia, o que sobrecarrega um ou vários órgãos e, consequentemente, leva a um “apagão” – ou desequilíbrio de todo o organismo.

A fisioterapeuta especializada em acupuntura trata seus pacientes para levá-los de volta ao equilíbrio físico e mental. Para isso, ela utiliza técnicas de respiração e exercícios de meditação, somados à mudança de hábitos alimentares, além das agulhas aplicadas nos pontos correspondentes aos meridianos que, segundo a medicina tradicional chinesa, fazem a energia fluir por todo o corpo.


Exercícios contra transtornos emocionais:


Há cerca de dez anos, a fisioterapeuta e acupunturista Máera Moretto deu uma guinada em sua carreira. Ao receber em seu consultório um número grande de casos com ansiedade, depressão, fobias e síndrome do pânico, ela percebeu que a acupuntura podia colaborar efetivamente para a melhora desse paciente, com resultados excelentes. Foi aí que surgiu a ideia do livro O mestre do seu sistema – O caminho de volta da ansiedade e da síndrome do pânico, lançado recentemente pela Sá Editora. Os ensinamentos da Medicina Tradicional chinesa (MTC) são revelados em linguagem simples, acessível a qualquer leitor – e podem ser aplicados no nosso cotidiano. Com base em mais de 300 pacientes, a autora criou personagens que falam sobre seus problemas com o mestre Shen Menn, outro personagem do livro. Ele ensina como controlar os vários tipos de ansiedade e seus extremos, como a síndrome do pânico.

O mestre do seu sistema relata várias situações emocionais vividas por todos nós e que podem abrir portas para desequilíbrios e doenças”, diz Máera Moretto. Segundo ela, o livro traz os principais conceitos da milenar cultura chinesa e se completa com exercícios de respiração, meditação e dicas sobre hábitos alimentares. “Todos os exercícios do livro foram praticados e aprovados por pacientes que, vítimas de transtornos de ansiedade e pânico, seguiram os ensinamentos da MTC e hoje vivem de modo harmonioso e saudável”, diz.


Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº4. Outubro/Novembro/Dezembro - 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

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