segunda-feira, 4 de julho de 2011

Implantes na terceira idade


             PROCEDIMENTO COMEÇA A FORMAR UM NOVO NICHO NO MERCADO.


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a qualidade de vida na terceira idade pode ser definida como a manutenção da saúde, em seu maior nível possível, em todos os aspectos da vida humana:
físico, social, psíquico e espiritual. Um dos fatores mais importantes na manutenção da saúde do idoso, do
ponto de vista físico, é o cuidado que se deve ter com a alimentação, já que o tipo certo de alimento ingerido
implica suprir o organismo com os nutrientes necessários ao seu bom funcionamento e à prevenção de vários
riscos e doenças, como a obesidade, nefropatias e diabetes.
A boca é a porta de entrada de nosso corpo para todos os alimentos, e uma mastigação eficiente colabora para que eles possam ser triturados e reduzidos ao tamanho ideal para serem deglutidos. Sem dentes, não
há como haver esse processo e, consequentemente, não é possível ingerir todos os tipos de alimentos, ocorrendo um comprometimento do sistema digestivo e da saúde sistêmica. Esta perda de elementos na boca
implica uma mudança radical no tipo de alimentação e, até mesmo, uma alteração comportamental. Pessoas da terceira idade, frequentemente, precisam de atenção redobrada no quesito saúde bucal, pois o envelhecimento, por si só, já traz uma série de problemas, como a redução do fluxo salivar, lesões da mucosa oral, gengivites, aumento e retração gengival, diminuição do suporte ósseo, cáries e, inclusive, câncer oral. Estudos realizados pela OMS indicam um aumento da população com idade acima de 65 anos e um decréscimo de idosos sem dentes, o que envolverá mais cuidados odontológicos.
No Brasil, assim como nos demais países latino-americanos, o processo de envelhecimento populacional é
rápido e intenso. Até 2025, teremos uma das maiores concentrações de idosos do mundo, com previsão de
14% do total da população. Um dos procedimentos odontológicos que, até então, julgava-se desnecessário para os idosos vem ganhando espaço e criando um novo nicho específico de mercado. Implantes dentários para a terceira idade têm assumido um importante papel, pois, além de otimizar a eficiência mastigatória, se comparados ao uso das próteses total e removível, também melhoram a autoestima. Auxiliam, ainda, o idoso a ter melhor qualidade de vida e a ingestão correta dos nutrientes que irão ajudar a manutenção da saúde a partir desta etapa de vida. Para o odontogeriatra Fernando Brunetti Montenegro, “é importante salientar que o tipo ideal de implante é aquele que o cirurgião-dentista consciencioso, levando em conta os fatores de saúde geral do paciente idoso, vier a indicar para cada caso em particular. Nem sempre o tipo mais eficiente é o possível e o profissional explicará o porquê”.

Saúde do paciente


O idoso que pretende colocar um implante dentário precisa ter a consciência de que não basta querer e pagar para ter. Há muitos problemas que limitam o uso do implante ou que, de certa forma, adiam o
procedimento até que a doença esteja controlada. Segundo Fernando Montenegro, a cirurgia de implante
não é indicada para quem tem osteoporose diagnosticada e ativa e para pacientes debilitados e anêmicos, por não suportarem bem o ato cirúrgico nem o pós-operatório. Outros, sem o controle efetivo das doenças,
como diabetes e hipertensão, precisam esperar a estabilização para que o procedimento seja realizado. Há ainda pacientes que não podem ingerir as medicações prescritas ou fazer uso dos anestésicos e aqueles que, cognitivamente, não cooperarão para o sucesso da cirurgia por causa da necessidade de higienização dos
implantes e da boca como um todo.
Em todos os casos em que há uma doença manifestada, é necessário o aval específico do médico assistente para que os implantes não causem nenhuma interferência no organismo. Para a especialista em Endodontia

e Odontogeriatria Nedi Soledade Miranda Rocha, os implantes também são contraindicados em pacientes com a Doença de Alzheimer, demências, Aids, câncer, algumas cardiopatias, infecções orais persistentes, grandes reabsorções ósseas e com o uso de alguns medicamentos, como os derivados de bifosfonatos. “Os implantes mais indicados em idosos são os os- Odontogeriatria seointegráveis rosqueáveis de titânio que, na maioria, possuem algum tipo de tratamento na superfície que irá agilizar ou favorecer a cicatrização óssea ao redor dele, promovendo a osseointegração”, explica Nedi Soledade, que também é vice-presidente da seção Rio de Janeiro da Associação Brasileira de Odontologia. Infelizmente os custos envolvidos com a técnica dos implantes ainda são elevados em comparação aos procedimentos usuais como as próteses tradicionais, totais e removíveis. Logo, um alcance social ainda é difícil de ser obtido rapidamente. Segundo Fernando Montenegro, para cada estrato social, há um tipo de prótese possível de ser realizada. “O importante é reabilitar os pacientes idosos o mais rápido possível, devolvendo a função mastigatória (que ajuda na recuperação de sua saúde geral) e estética, ao restabelecer a autoestima e a reinserção social”, conclui.

Luís Fernando Russiano

Fonte: Revista + SAÚDE  | Abril/Maio/Junho 2011| Ano 2  | Nº 6

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