segunda-feira, 25 de julho de 2011

Universidade para viver melhor

  
                Cursos para a 3a idade ensinam a ter vida mais ativa.



 O Brasil tem 190,7 milhões de pessoas, segundo o Censo do ano passado. Deste total, 11,16% têm idade acima de 60 anos. Isso representa um crescimento de quase 3% entre os idosos, somente na última década.        A expectativa de vida também cresceu: atualmente o brasileiro vive em média 73 anos e, entre as quase 20 milhões de pessoas classificadas como idosas, 23.760 já superam a marca dos 100 anos. Isso significa que, cada vez mais, a longevidade passa a ser algo comum entre os brasileiros e que também há mais chances de se envelhecer, e de modo cada vez mais saudável. Por outro lado, como disse o filósofo italiano Norberto Bobbio, “o velho sabe, por experiência, aquilo que os outros ainda não sabem e precisam aprender com ele, seja na esfera ética, seja nos costumes, seja nas técnicas de sobrevivência”. Esta frase coincide com a opinião do médico Wilson Jacob Filho, idealizador e coordenador da Universidade Aberta para o Envelhecimento Saudável (Unapes) e professor titular de Geriatria na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
 É essa imagem que ele quer que os idosos tenham, não só diante dos mais jovens, mas entre as pessoas
que estão envelhecendo e que – por medo, insegurança ou preconceito – se afastam da vida social à medida
que a idade avança. Por isso, Jacob Filho prefere investir nos pacientes mais velhos que procuram o serviço do Hospital das Clínicas da FMUSP (HCFMUSP), para que participem das atividades do programa iniciado em 2008 – oficinas de atividades físicas, dança e expressão corporal; alimentação saudável; informática, comunicação e dinâmicas de grupo – e se transformem em multiplicadores das técnicas para um envelhecimento ativo. “Nada melhor que uma pessoa mais velha para mostrar que é possível vencer as barreiras que o próprio idoso se impõe”, avalia o geriatra.

Efeitos positivos
 Segundo o médico do HCFMUSP, entre os efeitos positivos observados nos grupos, destacam-se a elevação da autoestima, a redução de peso e a melhora na disposição geral dos idosos, à medida que praticam atividades físicas e são estimulados para uma alimentação mais saudável.
 Outros pontos observados pelo serviço de geriatria são a redução das consultas médicas e de procura
ao pronto-socorro sem causas justificadas. “As pessoas mais ativas sentem menos necessidade de procurar o médico, ao mesmo tempo em que querem ficar com o físico em ordem porque percebem que o excesso de peso e o sedentarismo são fatores limitantes para o desenvolvimento de atividades sociais.” Os cursos da Unapes são semestrais e abertos a pessoas a partir dos 60 anos. As turmas têm início em março e agosto e as aulas teóricas acontecem todas as segundas, das 14 às 16 horas. Os outros dias da semana são ocupados pelas aulas práticas, sempre no mesmo horário. A equipe é multidisciplinar e inclui

nutricionistas, fisioterapeutas, professores de dança e de computação. São oferecidas 60 vagas para as atividades que acontecem no Espaço Propes (Programa de Promoção do Envelhecimento Saudável) do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas.
 O projeto se apoia na política do envelhecimento ativo da Organização Mundial da Saúde (OMS), que prega o envolvimento do governo e da sociedade no desenvolvimento de programas que estimulem a participação em atividades sociais, físicas e culturais, como forma de manter uma vida saudável. Essa foi a abordagem da tese de doutorado “Educar para o autocuidado na terceira idade” – desenvolvida em conjunto por Kátia Lílian Sedrez e Alexandra Bordin, do curso de enfermagem da Universidade Regional Integrada de
Erechim, no Rio Grande do Sul. No trabalho, elas atestam que a maioria dos idosos apresenta algum tipo
de doença crônica, mas concluem que é possível continuar vivendo com qualidade, desde que essas doenças sejam controladas. “A ação educativa tem papel preponderante no aumento da expectativa e na qualidade de vida, assim como na manutenção da saúde do idoso”, garantem.

Modelo francês
 O modelo da universidade aberta à terceira idade foi criado nos anos 1970, na Universidade de Toulouse
(França), envolvendo cur sos de atualização cultural, orientações na área de saúde e algumas atividades
socioculturais. No Brasil, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas foi pioneira em cursos do gênero, a partir de 1991, antecipando-se à promulgação do Estatuto do Idoso, que estabeleceu que “O Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas”.
 Hoje, o Estado de São Paulo conta com a Associação das Universidades Abertas à Terceira Idade, reunindo várias instituições superiores de ensino que adotam uma pedagogia para o envelhecimento com foco na manutenção da qualidade de vida. Na USP – a Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI) completou 18 anos em 2010, envolvendo várias faculdades no campus da Cidade Universitária e da USP-Leste, somando quase 10 mil alunos em 2009, sem contar com o programa especial da Faculdade de Medicina.
 Na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o programa teve início em 1999, na capital paulista. Atualmente se estende à Baixada Santista, com o objetivo de proporcionar mais qualidade de vida física e mental às pessoas com idade a partir de 50 anos. No Rio de Janeiro, a Universidade Veiga de Almeida mantém cursos para idosos, com destaque para Noções de Geriatria e Gerontologia. Todo aluno matriculado no curso tem acesso à orientação e ao atendimento odontológico, fisioterápico e fonoaudiológico.
 A mais recente iniciativa é da Universidade Federal de Alagoas, que inaugurou seu programa em fevereiro último, com a proposta de incentivar um estilo de vida ativo para as populações idosas, buscando alterar comportamentos que podem ser verdadeiros fatores de risco para a saúde.

Fonte: Revista + SAÚDE | Ano 2 Nº 6 | Abril - Maio - Junho 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Câncer da desinformação



        "É difícil permanecer imperador na presença do médico e mais difícil permanecer homem (...).”
 Marguerite Yourcenar, em Memórias de Adriano, relata o triste fim do Imperador, que se defronta com a condição humana, na doença. Este livro sempre me impressionou pela maneira crua com que retrata os últimos dias de um homem e o quanto, não importa as riquezas que acumulemos, somos todos iguais na doença. Em frente ao médico, estamos nus, despidos de quaisquer outras máscaras, enfrentando solitariamente o diagnóstico que informará o que acontece com nosso corpo. Inicio com este trecho porque
o diagnóstico de câncer sempre impressiona e soa como uma sentença de morte indefectível. Diante do câncer era difícil permanecer homem. Eu disse era porque inúmeros avanços na Medicina hoje permitem que um paciente com câncer não se sinta mais um solitário à espera do fim. Novos tratamentos e a importância da detecção da doença em uma fase inicial permitem tratamentos não mais tão agressivos e já com grandes chances de recuperação.
 Bem, se já sabemos que ser portador de câncer não é mais sinônimo do fim, sabemos também que os pacientes dessa enfermidade seguramente enfrentarão dias difíceis e despenderão recursos financeiros para restabelecer a saúde. A Medicina encontrou meios de amenizar, curar e extirpar. Encontrou mecanismos para garantir uma vida plena àqueles portadores dessa doença que já foi assustadora. De outro lado, a lei assegurou, ainda que tardiamente, alguns benefícios para que aqueles que apresentam a moléstia possam concentrar esforços única e exclusivamente no tratamento médico. Com efeito, recebo, em meu escritório, diariamente, pacientes portadores de câncer. Buscam o cumprimento mínimo de seus direitos, como, por
exemplo, garantia de medicamentos, de atendimento e internação. A maior parte deles, entretanto, infelizmente desconhece que tem direito a algumas isenções legais de impostos que, lamentavelmente, nem sempre são concedidas de forma automática.
 Assim, em época de ajustar as contas com o Leão, achei conveniente lembrar que os pacientes com câncer
que recebem rendimentos decorrentes de aposentadoria, pensão ou reforma, incluindo a complementação recebida de entidade privada – PGBL e a pensão alimentícia têm direito à isenção de Imposto de Renda em seus proventos, mesmo que a doença tenha se manifestado após a aposentadoria. E, importante, aqueles pacientes que ainda assim tiveram valores descontados a título de imposto de renda podem reaver estes valores, pagos indevidamente, abrangendo o período concernente aos cinco anos anteriores.
 Em suma, o que se busca é priorizar a saúde e a vida, desonerando o contribuinte enfermo, ainda que sua
enfermidade seja assintomática, ou seja, ainda que não apresente sintomas. Presume-se que, diante da batalha pela vida, o inativo deva ser poupado de descontos em seus rendimentos para que possa investir em saúde! E esta não é a única isenção de que um paciente com diagnóstico de câncer pode usufruir, havendo outros direitos, tais como isenção na contribuição previdenciária, liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, liberação do PIS/PASEP, isenção de ICMS, IPI e IPVA, estes sujeitos à análise de outras condições.
 Assim, concluo que atualmente somente um mal pode ser fatal ao enfermo: a desinformação. Dispondo a Medicina de métodos dia a dia mais eficazes no tratamento do câncer, é necessário que o paciente faça valer
a desigualdade a que faz jus, ou seja, que, recebendo do Estado tratamento diferenciado, seja colocado em condição de igualdade à de indivíduos que não são acometidos pela moléstia.

Fonte: Revista + SAÚDE | Ano 2 | N° 6 | Dra. MireleAlves Braz - OAB/RS 47.717

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Gravidez na adolescência

         

               Cerca de 60% das adolescentes são abandonadas pelos parceiros, durante a gestação.



No Brasil, a cada 19 minutos uma menina de 10 a 14 anos dá à luz. Entre 10 e 20 anos, o intervalo será de apenas um minuto. Já em São Paulo uma adolescente se torna mãe a cada cinco minutos. Em todo o País, 23% das mulheres engravidam nesse período da vida, porcentagem reduzida para 15% entre as paulistas. A estatística brasileira é igual às do Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia, enquanto São Paulo está mais próximo dos Estados Unidos (14%), Argentina e Chile (16%), mas ainda muito distante da Suíça, com 6%, ou Japão, com apenas 1%. No entanto, mesmo com índices ainda altos, São Paulo apresentou redução de 36% no número de adolescentes grávidas entre 1998 e 2008 – obtendo resultado ainda mais expressivo no caso da segunda gravidez, que diminuiu 47% na faixa etária pesquisada.
O decréscimo registrado em São Paulo é resultado de políticas públicas implantadas nos últimos 25 anos, que levam em conta outros aspectos além da saúde e sexualidade dos jovens, na avaliação de Albertina Duarte, obstetra e ginecologista que coordena o Programa Estadual de Atendimento Integral à Saúde do Adolescente desde a sua criação, em 1986.
O “divisor de águas”, segundo a médica, aconteceu após a pesquisa realizada entre 1990 e 1995, em que se constatou que a maioria dos jovens tem acesso à informação e aos métodos contraceptivos. “Mas a preocupação das meninas em agradar e o medo de falhar dos meninos se mostraram maiores que os cuidados para o sexo seguro.” “Isso mudou o enfoque da ‘informação’ para a ‘negociação do vínculo’ entre os casais, o que inclui um projeto de futuro e melhora da própria autoimagem do jovem”, lembra Albertina Duarte. “Quanto mais inseguro o adolescente, maior a sua dificuldade de assumir uma posição diante do parceiro, o que é igual em todas as classes sociais, mesmo nos países mais desenvolvidos, evidenciando o fracasso dos programas que se concentram apenas nas ações que incentivam o sexo seguro entre os adolescentes como forma de evitar a gravidez precoce.”
A pesquisa deu novo eixo para as abordagens sobre sexualidade e o programa passou a incluir o plano de vida dos adolescentes. Hoje muitos postos de saúde do Estado trabalham com “oficinas de sentimentos” que recebem nomes sugestivos, como “Fala de Menina/Fala de Menino”, “Papo da Hora” ou “Plantão de Emoções”. A implantação desses grupos prioriza as áreas de maior incidência de gravidez na adolescência e existe pelo menos um posto de referência em cada região do Estado. Outro atendimento, o serviço telefônico
gratuito, acessado por adolescentes do Brasil inteiro, é um bom indicativo do acerto da política adotada.
Para ganhar espaço no universo juvenil, a proposta é não deixar nenhum adolescente sem atendimento e uma forma de driblar as agendas geralmente lotadas dos médicos que trabalham nos postos de saúde foi incentivar
atividades paralelas nas chamadas “Casas dos Adolescentes”, que funcionam em pelo menos 20 locais na Capital, Grande São Paulo e algumas cidades do interior. Nas casas, equipes multidisciplinares interagem
com garotas e garotos, promovendo desde discussões sobre temas de interesse comum até aulas de dança,

culinária, ou mesmo o cultivo de hortas que contribuem para uma alimentação mais saudável, além de melhorar a relação com o grupo e ajudar o adolescente a ganhar mais confiança na convivência com seus parceiros. A estimativa é que são atendidos cerca de 200 jovens todos os dias nesses locais.



Fortalecendo laços


O fortalecimento de vínculos sociais é uma forma de superar a eventual ausência de uma estrutura familiar mais sólida, na opinião da psicóloga Célia Brandão, que durante anos participou do programa desenvolvido pelo Hospital Albert Einstein na favela de Paraisópolis, com o objetivo de realizar um trabalho preventivo de atendimento psicológico à gestante adolescente. “São muitos os motivos que tornam a adolescente mais vulnerável a uma gravidez, mas o principal deles é a falta de um projeto de vida e de perspectiva futura”, reconhece a profissional. “A adolescência é o momento de formação escolar e de preparação para o mundo do trabalho. A ocorrência de uma gravidez nessa fase, portanto, significa a interrupção, o atraso ou até mesmo o abandono desses processos.”
A psicóloga avalia que a gravidez inesperada nem sempre é indesejada, pois muitas vezes a adolescente sonha com o amor romântico e em formar uma nova família que transforme a imagem do próprio núcleo em que foi criada. Mas há pouca clareza entre as mulheres que engravidam precocemente sobre o papel de um
casal na criação de uma criança, o que se agrava pelo fato de que 60% são abandonadas pelos parceiros ainda durante a gestação. “O medo da dependência, da submissão, da perda de liberdade, dos diferentes tipos de abuso atribuídos à intimidade de uma relação estável, está presente em relatos de adolescentes grávidas”, observa Célia Brandão.
Outro aspecto destacado pela psicóloga é a falta de apoio para que a adolescente possa se desenvolver como mãe. “A reação das famílias à gravidez precoce oscila da agressão à apatia permissiva, até a conduta de superproteção – comportamentos que não contribuem para que o adolescente aprenda a lidar com a nova situação de forma equilibrada e responsável.” Independentemente da situação social e emocional, no entanto, as duas especialistas concordam que não se pode ignorar que a iniciação sexual cada vez mais precoce é uma das principais causas do aumento da gravidez na adolescência, o que torna fundamental o acesso à informação e a métodos anticoncepcionais. Um dos objetivos é reduzir o número de abortos, estimado em cerca de 5% entre as adolescentes. Em 2005, foram registrados 2.781 atendimentos de meninas com idades entre 10 e 14 anos, relacionados a complicações no pós-aborto no Brasil. Dos 15 aos 19 anos, foram contabilizados 46.504 atendimentos. O que é certo é que, embora ilegal, o aborto é praticado igualmente entre todas as classes sociais.

Fonte: Eli Serenza - Revista + SAÚDE /  Ano 2 / N°6

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Implantes na terceira idade


             PROCEDIMENTO COMEÇA A FORMAR UM NOVO NICHO NO MERCADO.


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a qualidade de vida na terceira idade pode ser definida como a manutenção da saúde, em seu maior nível possível, em todos os aspectos da vida humana:
físico, social, psíquico e espiritual. Um dos fatores mais importantes na manutenção da saúde do idoso, do
ponto de vista físico, é o cuidado que se deve ter com a alimentação, já que o tipo certo de alimento ingerido
implica suprir o organismo com os nutrientes necessários ao seu bom funcionamento e à prevenção de vários
riscos e doenças, como a obesidade, nefropatias e diabetes.
A boca é a porta de entrada de nosso corpo para todos os alimentos, e uma mastigação eficiente colabora para que eles possam ser triturados e reduzidos ao tamanho ideal para serem deglutidos. Sem dentes, não
há como haver esse processo e, consequentemente, não é possível ingerir todos os tipos de alimentos, ocorrendo um comprometimento do sistema digestivo e da saúde sistêmica. Esta perda de elementos na boca
implica uma mudança radical no tipo de alimentação e, até mesmo, uma alteração comportamental. Pessoas da terceira idade, frequentemente, precisam de atenção redobrada no quesito saúde bucal, pois o envelhecimento, por si só, já traz uma série de problemas, como a redução do fluxo salivar, lesões da mucosa oral, gengivites, aumento e retração gengival, diminuição do suporte ósseo, cáries e, inclusive, câncer oral. Estudos realizados pela OMS indicam um aumento da população com idade acima de 65 anos e um decréscimo de idosos sem dentes, o que envolverá mais cuidados odontológicos.
No Brasil, assim como nos demais países latino-americanos, o processo de envelhecimento populacional é
rápido e intenso. Até 2025, teremos uma das maiores concentrações de idosos do mundo, com previsão de
14% do total da população. Um dos procedimentos odontológicos que, até então, julgava-se desnecessário para os idosos vem ganhando espaço e criando um novo nicho específico de mercado. Implantes dentários para a terceira idade têm assumido um importante papel, pois, além de otimizar a eficiência mastigatória, se comparados ao uso das próteses total e removível, também melhoram a autoestima. Auxiliam, ainda, o idoso a ter melhor qualidade de vida e a ingestão correta dos nutrientes que irão ajudar a manutenção da saúde a partir desta etapa de vida. Para o odontogeriatra Fernando Brunetti Montenegro, “é importante salientar que o tipo ideal de implante é aquele que o cirurgião-dentista consciencioso, levando em conta os fatores de saúde geral do paciente idoso, vier a indicar para cada caso em particular. Nem sempre o tipo mais eficiente é o possível e o profissional explicará o porquê”.

Saúde do paciente


O idoso que pretende colocar um implante dentário precisa ter a consciência de que não basta querer e pagar para ter. Há muitos problemas que limitam o uso do implante ou que, de certa forma, adiam o
procedimento até que a doença esteja controlada. Segundo Fernando Montenegro, a cirurgia de implante
não é indicada para quem tem osteoporose diagnosticada e ativa e para pacientes debilitados e anêmicos, por não suportarem bem o ato cirúrgico nem o pós-operatório. Outros, sem o controle efetivo das doenças,
como diabetes e hipertensão, precisam esperar a estabilização para que o procedimento seja realizado. Há ainda pacientes que não podem ingerir as medicações prescritas ou fazer uso dos anestésicos e aqueles que, cognitivamente, não cooperarão para o sucesso da cirurgia por causa da necessidade de higienização dos
implantes e da boca como um todo.
Em todos os casos em que há uma doença manifestada, é necessário o aval específico do médico assistente para que os implantes não causem nenhuma interferência no organismo. Para a especialista em Endodontia

e Odontogeriatria Nedi Soledade Miranda Rocha, os implantes também são contraindicados em pacientes com a Doença de Alzheimer, demências, Aids, câncer, algumas cardiopatias, infecções orais persistentes, grandes reabsorções ósseas e com o uso de alguns medicamentos, como os derivados de bifosfonatos. “Os implantes mais indicados em idosos são os os- Odontogeriatria seointegráveis rosqueáveis de titânio que, na maioria, possuem algum tipo de tratamento na superfície que irá agilizar ou favorecer a cicatrização óssea ao redor dele, promovendo a osseointegração”, explica Nedi Soledade, que também é vice-presidente da seção Rio de Janeiro da Associação Brasileira de Odontologia. Infelizmente os custos envolvidos com a técnica dos implantes ainda são elevados em comparação aos procedimentos usuais como as próteses tradicionais, totais e removíveis. Logo, um alcance social ainda é difícil de ser obtido rapidamente. Segundo Fernando Montenegro, para cada estrato social, há um tipo de prótese possível de ser realizada. “O importante é reabilitar os pacientes idosos o mais rápido possível, devolvendo a função mastigatória (que ajuda na recuperação de sua saúde geral) e estética, ao restabelecer a autoestima e a reinserção social”, conclui.

Luís Fernando Russiano

Fonte: Revista + SAÚDE  | Abril/Maio/Junho 2011| Ano 2  | Nº 6