quarta-feira, 9 de março de 2011

Epilepsia

Curto-circuito

Aumentaram em 11% as internações pela doença
nos hospitais públicos


A pessoa cai no chão, perde a consciência. Suas pernas e braços endurecem. Ela se debate, tem contrações musculares involuntárias. Outras vezes, os sinais são mais discretos: olhar parado, comportamento fora do padrão, movimentos em apenas um dos braços ou perna. Se isso acontecer com constância, é muito provável que uma crise epilética esteja acontecendo. Descargas elétricas anormais e rápidas, com emissão de sinais incorretos e duração de alguns segundos ou poucos minutos são alterações que provocam crises e convulsões. Elas podem ser causadas por fatores como a falta de sono, ingestão de bebidas alcoólicas, febre, ansiedade, drogas e medicamentos, cansaço e mudanças súbitas de intensidade de luminosidade ou luzes piscantes.

Muitas lendas cercaram a doença no decorrer da história. Na época da Grécia Antiga, os portadores da doença eram tratados como sacerdotes possuídos de inspiração divina. Quando apresentavam convulsões, os gregos acreditavam que estavam sendo “tocados” pelos deuses. Na Idade Média, entretanto, era associada a possessões demoníacas. Hoje, têm-se conhecimento de que se trata de uma doença tratável por medicamentos ou cirurgia.

Vários fatores podem ocasionar a doença, como lesões no cérebro causadas por tumores, doenças como meningites, acidentes com objetos perfurantes e até a falta de cuidados nos pré-natais. O aspecto genético também não pode ser descartado, porém representa uma parcela pequena. Alimentos mal cozidos, como o da carne de porco, ou verduras mal lavadas podem desencadear a doença quando contaminadas pela larva da neurocisticercose e afetar o sistema nervoso central, gerando uma infecção.

O tratamento, porém, pode ser mais simples do que se pensa. De acordo com o médico Arthur Cukiert, chefe do serviço de neurologia e neurocirurgia do Hospital Estadual Brigadeiro, de São Paulo, “80% dos epiléticos são curados com medicamentos. Os outros 20% podem se recuperar com cirurgias de alta complexidade. Quando não conhecemos exatamente o local do cérebro afetado, se a região não puder ser removida por algum motivo e se os focos forem múltiplos e grandes, recomendamos a cirurgia paliativa, de alta eficácia, pois as crises reduzem em número e severidade, mas o indivíduo não fica totalmente livre da epilepsia”.

As cirurgias paliativas são indicadas para os casos que não respondem a medicamentos, mas podem melhorar as crises em até um terço dos casos. O Hospital Brigadeiro, considerado referência no tratamento da epilepsia, oferece a técnica de implante cerebral de eletrodos profundos em portadores da doença para a estimulação elétrica das regiões cerebrais, sem necessidade de cortes ou remoções.

Em crianças, os sintomas caracterizam-se por contrações rápidas de apenas um músculo ou grupo muscular, contrações no rosto, movimentos parecidos como “pedalar” e desvio forçado dos olhos.

Em alguns casos graves pode ocorrer a necessidade da ocorrência da hemisferectomia, procedimento cirúrgico de retirada de metade do cérebro. Em 2005, nos Estados Unidos, o menino Tyler Plotkins, com apenas 1 ano e 3 meses, teve metade de seu cérebro extirpado em função da grave epilepsia que sofria. Passados quatro anos, ele tem uma vida praticamente normal. “O cérebro tem a propriedade de plasticidade. Ele recupera as funções”, diz Cukiert. Essa característica permite à criança sofrer intervenções que muitas vezes não são indicadas em adultos, com ressecções maiores.


Segundo Wen Hung Tzu, médico chefe do grupo de cirurgia de epilepsia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, as epilepsias encontradas com maior frequência na população adulta são as parciais, responsáveis por cerca de 70% dos casos. Elas se originam, segundo o médico, de um grupo de células nervosas em uma área restrita. No caso das crises generalizadas começam em estruturas profundas do cérebro e atingem os dois hemisférios cerebrais.

Alguns procedimentos em primeiros socorros podem ser adotados em casos de crises. Nas chamadas crises tônico-clônicas generalizadas, deve-se ficar calmo, colocar travesseiro embaixo da cabeça da pessoa, mantê-la de lado para evitar a entrada de saliva ou vômitos no pulmão, afrouxar cintos e colarinhos e deixar a crise acontecer sem interferir. Não se deve tentar colocar o dedo na boca da pessoa para segurar a língua e nem dar líquidos durante a crise ou fazer respiração boca a boca. Nas crises parciais complexas – nas quais ocorrem alterações nos níveis de consciência – deve-se falar de maneira calma com a pessoa, pois ela pode reagir a estímulos emocionais; protegê-la de perigos potenciais e não restringir os seus movimentos.

A epilepsia atinge 1% da população em países desenvolvidos e 1,3%no Brasil. Normalmente, acomete pessoas com até 25 anos e com idade acima de 65 anos e é mais comum em pessoas do sexo masculino. No Brasil, em hospitais públicos, as internações por epilepsia aumentaram em 11%, com mais de 17 mil casos ocorridos entre janeiro e maio de 2009, sendo mais de um quarto só no Estado de São Paulo. Os dados são da ABN – Academia Brasileira de Neurologia.

Os médicos não acreditam em surto de doença que possa desencadear a epilepsia e não sabem o porquê do aumento do número de casos no País. Preocupam-se, no entanto, em alertar a população sobre a doença, divulgar seus sintomas, os procedimentos para socorro imediato e a diminuição do preconceito por causa do desconhecimento.

Por: Neusa Pinheiro
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. Julho/Agosto/Setembro - 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

2 comentários:

  1. Dr. Estou com dores de cabeça faz muito tempo, já fiz exames e nada constou eu tive meningite duas vezes, sempre esqueço tudo muito rápido e semana passada eu desmaiei duas vezes na rua e sinto um cheiro forte e naúseas não estou grávida nem com diabetes. Hoje dependo do SUS para descobrir o que eu tenho, mas lá demora muito. Tenho muitas fobias e minha imaginação é muito fértil, tenho medo de sombras principalmente da minha e outras que não convém explanar aqui. Meu e-mail pytolomeia@hotmail.com quando me enviar resposta eu me identifico.

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  2. ola tenho 23 anos desde 2009 começou a dar as crises em mim fui aqui nos medicos daqui e eles não me dizem nada concreto tem dias que estou triste com vontade de chorar. e quando da as crises na maioria das vezes acomteçe isso essa carencia comigo. estou tomando o depakene. mais mesmo assim da as crise de vez enquando. por favor responda

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