segunda-feira, 21 de março de 2011

Nutrição oncológica

Reforço alimentar
Orientações nutricionais especiais ajudam os pacientes no combate ao câncer.


Todo cuidado é pouco, os pacientes com câncer precisam dar atenção especial ao alimento que consomem, uma vez que o organismo precisa ser fortalecido a cada passo. Isso porque a quimioterapia utilizada para combater as células cancerígenas ataca também as células de defesa do organismo, afetando o mecanismo que nos protege contra doenças. Como resultado, a imunidade cai e o corpo não consegue lutar contra infecções. Por isso, enquanto o sistema imunológico estiver se recuperando, o paciente submetido à quimioterapia deve evitar expor-se a qualquer tipo de microrganismo que possa causar infecção.
Maria Helena soube disso quando deu entrada ao hospital com febre alta, rigidez nos músculos e um estado de torpor que surgiu repentinamente e a manteve internada na UTI por três dias, enquanto era medicada com altas doses de antibiótico. A causa foi uma bacteriemia, ou a presença de bactérias na sua corrente sanguínea, que normalmente passaria despercebida em um organismo sadio, mas que pode evoluir para uma septicemia fatal em um corpo debilitado por altas doses de quimioterapia, como era o caso dela. Fazendo tratamento contra um linfoma, Maria Helena superou a crise e aprendeu muito sobre os cuidados que deve ter para evitar que a medicação para combater o câncer acabe abrindo as portas para outros males afetarem seu corpo. Ao mesmo tempo em que deve servir para ajudar na recuperação, o alimento pode ser um fator de risco. Além da infecção intestinal por bactérias – provável causa da sua bacteriemia –, existe a preocupação com fungos que podem estar presentes nas frutas, hortaliças e legumes crus.
Para evitar risco, as frutas só podem ser consumidas in natura imediatamente depois de cortadas. Isso depois de lavadas cuidadosamente com escova, sabão e água filtrada. Detalhe importante: só são permitidas as de casca grossa, que protegem melhor a polpa, como a melancia e o melão. Verduras e legumes, assim como as carnes de qualquer natureza, só podem ser ingeridas quando muito cozidas, depois de passarem por cuidadosa higiene.
Os pacientes em tratamento quimioterápico são estimulados a optar por alimentos industrializados sempre que tiverem dúvida sobre a origem, frescor e limpeza da comida servida. Mas as latas, caixas, vidros e outras embalagens precisam ser rigorosamente higienizadas antes de abertas.
A doutora em nutricionismo e especialista em nutrição oncológica Patrícia Villas-Boas de Andrade, do Instituto Nacional do Câncer, é responsável por uma cartilha com dicas para o dia a dia do paciente e até sugere receitas para que continuem a se alimentar corretamente quando voltam para casa. Entre as regras básicas, a profissional ensina que as mãos e os utensílios devem ser lavados muito bem antes de se manusear alimentos; e água, sabão e escova devem fazer parte da higienização dos alimentos.
Ao falar dos efeitos colaterais da quimioterapia, Patrícia aborda as dificuldades com a alimentação nessa fase difícil do tratamento contra o câncer. “A perda de apetite é um dos problemas mais comuns, que pode ser causado pelo tratamento ou pela doença em si”, explica a nutricionista. “Emoções como o medo ou a depressão podem interferir também, além de alguns efeitos colaterais como náusea, vômitos, alterações no odor ou sabor dos alimentos.” Para ajudar a superar essa fase de dificuldades, a apostila inclui receitas de fácil aceitação pelo paciente submetido à quimioterapia.

Dicas para resistir à quimioterapia com alimentação:
• Procure comer apenas quando não estiver se sentindo nauseado.
• Para controlar a náusea, tente mascar cristais de gengibre.
• Depois de uma crise, comece com líquidos claros (consomê, sucos, gelatinas, chás), água tônica e alimentos frios (iogurte, picolé de frutas ou gelatina).
• Dê preferência a alimentos secos (biscoitos, torradas, cereais ou bolo sem recheio).
• Evite alimentos fritos, empanados, gordurosos, muito doces, condimentados ou com odor muito forte.
• Congele seu suco de frutas favorito ou água de coco em cubinhos de gelo e chupe nos intervalos.
• Não espere sentir fome para comer.
• Evite deitar logo após as refeições.
• Use roupas soltas, sem pressionar a barriga.
• Deixe de lado o rigor das três refeições diárias e se permita “beliscar” entre elas, comendo em intervalos de no máximo três horas.

Por: Eli Serenza
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº4. Outubro/Novembro/Dezembro - 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

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