segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sinusite

Inflamação de mucosas
A falta de estatísticas sobre a doença dificulta e encarece o tratamento no Brasil


A sinusite se caracteriza pelo processo inflamatório ou infeccioso das mucosas dos seios faciais – cavidades que ficam nos ossos do rosto, geralmente ao redor do nariz, na maçã do rosto e nos olhos – que podem ficar obstruídas em decorrência de alergias ou inalação de vírus, bactérias ou fungos. São três os tipos de sinusite, sendo a mais comum a aguda, cujos sintomas são fortes dores de cabeça, acompanhadas de sensação de peso na face, obstruções nasais, com consequente dificuldade respiratória, mau hálito, febre, dores musculares, coriza e cansaço. Os mesmos sintomas são sentidos na sinusite crônica, com ocorrência de tosses noturnas, pois, ao se deitar, a pessoa sentirá na parte posterior das fossas nasais secreções escorrendo e irritando as vias aéreas. Duram, em média, mais de três meses. Quando os sintomas aparecem rotineiramente no ano, ou seja, pelo menos a cada quatro meses, denomina-se sinusite de repetição.

Não existem estatísticas próprias sobre a sinusite no Brasil, especialmente em São Paulo. Costuma-se adotar dados de outros países para avaliar sua incidência entre os brasileiros. Estima-se que no Brasil haja 1,8 milhão de casos de vítimas da doença ao ano. No Canadá, 6% de sua população tem sinusite crônica; e nos Estados Unidos, 0,5% dos resfriados evolui para a sinusite, afetando 16% da população norte-americana, com idades entre 20 e 59 anos, ocupando o quinto lugar no ranking de diagnóstico mais comum.

Em virtude disso, o Hospital das Clínicas de São Paulo está efetuando, desde março, pesquisa inédita para conhecer a prevalência da sinusite na capital paulista e seus fatores associados – como poluição, tabagismo, asma e rinite. Serão visitadas 2.400 residências durante 12 meses, para aplicação de questionários que acarretarão em estatísticas e estabelecerão correlações da doença com aspectos como a escolaridade, renda ou faixa etária.

“Não temos dimensão de nossa realidade. Precisamos estudar os números para saber qual o custo do tratamento para a saúde pública”, explica a otorrinolaringologista Renata Pilan, uma das coordenadoras do projeto. A saúde pública já atende os portadores da doença com medicamentos, internações, exames e cirurgias, mas o tratamento nem sempre é rápido. “Hoje, no ambulatório do HC, há pessoas que esperam um ano para fazer a operação”, prossegue. De acordo com ela, a doença provoca o isolamento, fadiga, cansaço crônico, problemas para dormir. As dores e a fadiga comprometem a produtividade no trabalho.

O uso indiscriminado ou exagerado de antibióticos para o tratamento e combate a doença é outro problema a ser enfrentado, pois, além de provocarem efeitos colaterais indesejados, os medicamentos, caso não sejam utilizados de acordo com as prescrições médicas, permitem que as bactérias criem resistência ao medicamento.

O tratamento da sinusite normalmente é feito com antibióticos ou corticoides, lavagens nasais com soros fisiológicos e cirurgias para os casos crônicos. Um dos remédios mais comuns é a amoxicilina ou, em casos alérgicos, a penicilina, que devem ser receitadas por médicos, com o uso por um período que varia de 10 a 14 dias. A amoxicilina é considerada a droga de primeira escolha nas sinusites não complicadas. Ela é absorvida duas vezes melhor que a ampicilina, tem vida média mais prolongada, é efetiva e de uso muito seguro, principalmente nas crianças. As cefalosporinas, consideradas como segunda escolha, têm estruturas similares às das penicilinas. No caso de não haver remédio, pode-se fazer uma solução caseira, colocando-se uma colher de chá de sal em um litro de água e pingar no nariz várias vezes ao dia.

O Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, na capital paulista, trouxe ao Brasil uma cirurgia feita nos Estados Unidos: a sinuplastia com balão. Trata-se de um procedimento similar ao de desobstrução das artérias do peito. “É mais uma ferramenta para combater a rinossinusite (nome da sinusite), mas é importante frisar que a nova técnica não é a solução para todos os problemas”, diz o otorrinolaringologista João Flávio Nogueira. “Hoje ela melhora a qualidade de vida dos pacientes em cerca de 85% dos casos crônicos”, complementa o médico Renato Roithman, presidente da Academia Brasileira de Rinologia.

O inverno, quando as temperaturas são mais baixas e há umidade, é a estação em que o número de casos aumenta, pois a sinusite geralmente é precedida de gripe ou resfriado. Ela, normalmente, mantém relação com a rinite (inflamação do nariz) e bronquite (inflamação nos brônquios), pois quem sofre destas inflamações tem mais predisposição para a sinusite. Outros problemas como os de questão anatômica também predispõem o indivíduo à doença, assim como casos em que a pessoa apresente deficiência imunológica. Se a questão for alérgica, a alergia deve ser tratada como a causa. Outros fatores de risco são o tabagismo, a asma, a existência de pólipos nasais, fibrose cística, problemas com a circulação de muco, moradia em lugares com grande quantidade de pólen ou poluição de ar.

Os casos de sinusite são mais raros em crianças com menos de 12 anos, pois seus seios nasais começam a se formar apenas nesta idade. Mesmo assim, os sintomas são os mesmos.

Para evitar a sinusite, recomenda-se que se mantenha o nariz desobstruído; assoá-lo com o uso de descongestionantes, como o soro fisiológico; beber bastante líquido e, para as pessoas que têm alergias, evitar as substâncias alérgenas e ar condicionado, que resseca as mucosas e dificulta a drenagem da secreção. Deve-se procurar o médico quando os sintomas de gripe ou resfriado não passarem após cinco dias, pois podem ter se transformado em sinusite.

Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº4. Outubro/Novembro/Dezembro - 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

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