segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O MELHOR REMÉDIO

 O envelhecimento populacional reforça a necessidade de se buscar uma vida saudável

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Até há bem pouco tempo, acreditava-se que o segredo da saúde e da longevidade estava no destino, selado por herança genética. Aos poucos, vários estudos comprovaram:
não existe somente isso na balança e a atenção à saúde se torna cada vez mais importante, tanto para o indivíduo como para as organizações, governos e instituições de saúde.
A mais recente pesquisa da Organização Mundial de Saúde revelou que pressão alta, tabagismo, alta taxa de glicose no sangue, sedentarismo e excesso de peso são as principais causas de morte no mundo. E ainda ampliam o risco de doenças crônicas como cardiopatias, diabetes e câncer.
Considerados os males da modernidade, os cânceres em geral e as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC (acidente vascular cerebral), estão entre as principais causas de óbitos ou de incapacidade. Elas estão associadas aos mesmos maus hábitos: má alimentação, consumo excessivo de álcool, tabagismo, falta de atividade física e exposição a substâncias tóxicas. Fatores facilmente eliminados com uma série de ações preventivas com o objetivo de tornar a vida mais saudável, como exercícios, dieta à base de legumes, verduras e carnes magras, além do abandono da bebida em excesso e do cigarro. Isso sem esquecer a visita ao médico para o indispensável check-up.
De acordo com o consultor internacional para políticas de envelhecimento da Academia de Medicina de Nova York, Alexandre Kalache, há um agravante nesse quadro: o envelhecimento da população mundial.
Segundo ele, 25% da longevidade dos indivíduos deve-se à genética e 75% estão ligados a estilos de vida, comportamentos saudáveis e a um meio ambiente sadio. “Somos, hoje, 18 milhões de brasileiros com mais de 60 anos. Vamos dobrar esse número em 20 anos. A população com mais de 80 anos estará, então, crescendo 6% ao ano, enquanto a população como um todo vai diminuir”, alerta.
O aumento da sobrevida, por sua vez, implicará a expansão de doenças características da terceira idade.
Segundo Alfredo Salim Helito, clínico geral do Hospital Sírio-Libanês, as doenças cardiovasculares, infarto e outros males circulatórios poderiam ser evitados com o simples controle da hipertensão e do diabetes. Além disso, ele adverte: “A prevenção representa 80% da cura do câncer. Isso significa fazer exames preventivos e manter hábitos saudáveis”. E, segundo o último estudo do Inca – Instituto Nacional do Câncer –, o Brasil terá 489.270 casos dos onze tipos de tumor mais comuns, em 2010.
Já Alexandre Leopold Busse, geriatra do Serviço de Gerontologia do Hospital Sírio-Libanês, acredita que fazer exercícios é a forma mais adequada para combater a perda da função muscular e da massa óssea, que pode levar à osteoporose.
Para garantir a recuperação da capacidade funcional que se vai perdendo com a idade, o Sírio criou uma Oficina de Quedas, onde os idosos fazem exercícios para treinar equilíbrio. O hospital ainda tem um programa específico para identificar o que chama de “síndrome da fragilidade”, quando o idoso entra em fase caracterizada por sintomas como falta de apetite, ausência de energia, depressão, falta de sono, redução da força muscular, com risco de queda e aumento da atividade inflamatória. “Aí ele passa por uma bateria de exames e avaliações feitas por um conjunto de especialistas que farão um diagnóstico e prognóstico de sua evolução dali em diante”, explica o geriatra. Existe ainda naquele hospital uma série de oficinas de envelhecimento saudável que têm o objetivo de diminuir as limitações e incentivar a autonomia, saúde e bem-estar do idoso.
Este é o foco também dos projetos piloto que serão desenvolvidos por especialistas nacionais e internacionais no novo Centro Internacional de Políticas Públicas para o Envelhecimento (CIPPE), em fase de implantação, no Rio de Janeiro. 
Segundo seu idealizador, o médico Alexandre Kalache, o CIPPE vai procurar responder aos desafios desta nova realidade da população mundial, que está se tornando cada vez mais idosa.
Em parceria com a Sociedade Brasileira de Gerontologia e Geriatria, Seção São
Paulo, o Centro está desenvolvendo também um currículo-modelo para
as escolas de medicina que deverão formar médicos treinados para o tratamento
de doenças típicas do envelhecimento populacional.

Boca sadia
A prevenção também é o remédio que pode salvar milhares de brasileiros do câncer bucal. São 14 mil novos casos da doença todos os anos. A dentista estomatologista da Unifesp Denise Caluta Abranges informa que, em 2008, o câncer bucal acometeu mais de 10 mil homens e 3.780 mulheres.
Segundo Denise, a prevenção é praticamente tudo o que se tem a fazer para evitar e, se não for possível, combater o câncer de boca. “Maus hábitos, como fumo ou álcool, explicam a maior incidência nos homens”, diz a dentista. E o que piora a incidência? O diagnóstico tardio.
A dentista confessou ter se impressionado com os resultados da campanha feita pela Unifesp no ano passado, chamando a população para fazer diagnóstico de boca e laringe. Entre os 840 pacientes examinados no ambulatório, nove tinham o câncer, alguns em estado grave. O que, segundo ela, não é pouco para uma amostra aleatória, tomada ao acaso.
Denise aconselha homens e mulheres com mais de 40 anos, fumantes e que fazem uso de bebida alcoólica, a fazer o autoexame. E, ante qualquer alteração, procurar um dentista. Para orientar a população, a Unifesp colocou um vídeo no Youtube com instruções. Basta digitar, naquele site: autoexamebucal. Em janeiro, Denise inaugura um site com informações detalhadas sobre a doença, orientando a população a procurar um profissional para fazer diagnóstico se, ao fazer o autoexame, verificar qualquer suspeita de alteração.

Autora: Cecília Pires
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº1. Jan./Fev/Mar – 2010.
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

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