sexta-feira, 27 de agosto de 2010

TERAPIA CONTRA A DOR

 © Bliznetsov | Dreamstime.com
Tratamento integrado alia psicologia a procedimentos minimamente invasivos
Pesquisas indicam que 80% da população com idade acima de 40 anos apresenta algum tipo de problema na coluna – e o mais comum deles é a chamada hérnia de disco que, em alguns casos, pode levar o paciente à cirurgia. Trata-se de doença degenerativa de envelhecimento do disco que, porém, não tem nada a ver com o envelhecimento do indivíduo. Mas tem tudo a ver com a falta de atividades físicas e o fato de os profissionais manterem posturas erradas no dia a dia, obrigando a coluna a trabalhar de forma inadequada. 
Atualmente, com técnicas modernas e avançadas, como as cirurgias chamadas 
minimamente invasivas, tanto o tratamento quanto a recuperação dos problemas da coluna vertebral são bem menos dolorosos do que antigamente. Além disso, uma nova abordagem inclui o trabalho de psicólogos para diminuir a dor e a ansiedade do paciente. 
O neurologista, cirurgião e professor Luiz Mattos Pimenta, responsável pelo Instituto de Patologia da Coluna (IPC), é um dos pioneiros da utilização dessas novas técnicas cirúrgicas, agregando psicologia ao tratamento. “A proposta do IPC, que nasceu há apenas um ano, é tratar o paciente portador de problemas de coluna em todos os aspectos. O primeiro e maior enfoque é o da prevenção, que acontece por meio de tratamentos conservadores evitando qualquer tipo de procedimento cirúrgico. Dentro desse enfoque, busca-se propiciar ao paciente uma melhor qualidade de vida”, explica.
Segundo o especialista, o estresse da vida moderna ocupa uma parcela importante na causa da dor na coluna. “O IPC se preocupa com o suporte psicológico aos seus pacientes porque acredita que o sucesso de qualquer tratamento está intimamente ligado a esta questão. É muito importante tratar o paciente de forma integrada para que ele consiga ter de volta não apenas suas atividades físicas, mas também as atividades sociais e de trabalho”, acrescenta Mattos. 
Quando a cirurgia se torna inevitável, o IPC tem diferentes tratamentos cirúrgicos minimamente invasivos que, basicamente, consistem na utilização de instrumentos percutâneos, que protegem músculos e ligamentos para atingir cirurgicamente apenas o foco do problema. Isto faz com que a recuperação do paciente seja muito mais rápida e menos dolorosa, permitindo o retorno às atividades normais do paciente. 
Depois da investigação completa de sintomas e os exames de imagens – como raios X, tomografia computadorizada e ressonância magnética, para confirmar o diagnóstico –, o tratamento é indicado conforme o caso. Alguns não necessitam de cirurgia e passam por procedimento terapêutico à base de medicamentos e programas fisioterápicos. Já outros têm indicação cirúrgica. 
Além da dor nas costas, um dos sintomas mais comuns no dia a dia do IPC, os pacientes apresentam reações emocionais à dor – como medo, ansiedade e preocupação sobre quanto tempo ela irá durar. Um dos fatores mais importantes no tratamento da coluna é tentar manter controlado o nível de estresse do paciente. 
Dores crônicas de longa duração costumam ser associadas a uma carga psicológica ainda maior. “Existe uma relação dinâmica entre o estado de espírito e a condição física; se uma pessoa está muito estressada, seu físico vai responder mal ao tratamento”, diz Mattos. E mais, o sofrimento emocional pode levar à perda do sono, à incapacidade de trabalhar, à irritabilidade e insegurança. 

Trabalho Integrado 
Baseado em estudos científicos americanos que demonstram resultados pós-cirúrgicos piores em pessoas com aspectos psicológicos comprometidos, o IPC desenvolveu um trabalho integrado entre os especialistas em coluna e uma equipe de psicólogos que avalia cada paciente e encaminha para o tratamento terapêutico mais adequado. 
O Departamento de Psicologia surgiu da experiência prática no atendimento, quando os médicos perceberam que alguns pacientes que se submeteram à cirurgia tinham grande melhora; e outros, com algum comprometimento emocional, passavam pelo mesmo procedimento cirúrgico e tinham resultados piores. “O fato de o paciente encontrar-se diante de uma cirurgia gera nele e em sua família sentimento de angústia que, identificado antes do procedimento, pode ser trabalhado, fazendo com que o paciente se sinta mais preparado para lidar com a situação”, explica Marcia Azevedo, diretora do Departamento de Psicologia do IPC. “No instituto, o paciente passa por três etapas: avaliação pré-operatória, atendimento psicológico durante a internação, caso ele necessite, e o tratamento pós-cirúrgico.” 
“Nosso papel é dar-lhe a possibilidade de cuidar do seu emocional, para voltar às suas atividades com boa qualidade de vida e da maneira mais rápida possível”, diz a psicóloga Viviam Amaral, também do IPC. 
“É importante que o paciente faça o maior esforço possível para manter-se ativo, mesmo que sinta algum grau de dor, e fique mais atento aos ganhos com o tratamento do que aos problemas que lhe restam”, diz Eunice Maria Carneiro Butisani, 78 anos. Durante dez anos, ela mal conseguia andar em decorrência das dores na coluna. No ano passado, foi operada e viu-se livre da dor crônica que a atormentava.




Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº1. Jan./Fev/Mar – 2010.
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

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