quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

INIMIGOS OCULTOS

Atenção à circunferência abdominal pode prevenir várias doenças

© angelhell | istockphoto.com
A síndrome metabólica (SM) é um distúrbio caracterizado por uma série de alterações no metabolismo humano e está diretamente relacionada ao aumento do risco cardiovascular. As associações de pelo menos três dos seguintes sintomas podem caracterizar a SM: o excesso de peso ou obesidade, hipertensão arterial, diabetes melito do tipo 2, intolerância à glicose, altos níveis de colesterol e triglicérides, ácido úrico elevado.
Esses fatores estão ligados à resistência à insulina e podem levar o indivíduo a um quadro muito mais grave, que inclui doenças cardiovasculares como infarto, derrames cerebrais, além de diabetes e doenças vasculares periféricas. Para a médica endocrinologista Denise Reis Franco, coordenadora científica da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), é importante saber também que a circunferência abdominal é um elemento fundamental na avaliação do quadro, podendo ser marcador significativo do risco cardiovascular.
“A maioria dos fatores de risco metabólico não apresenta sinais ou sintomas, embora o valor da cintura abdominal possa avaliar o diagnóstico. Ele será definido a partir dos achados de circunferência abdominal maior que 94 cm para homens e 80 cm para mulheres, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Este achado juntamente com o exame físico representa aumento da distribuição de gordura intraabdominal (gordura visceral), que pode produzir hormônios e desencadear processos inflamatórios que provocam complicações cardiovasculares relacionadas à SM”, informa a médica. Denise Reis esclarece que os processos inflamatórios presentes na SM podem intensificar o quadro de hipertensão arterial, lembrando que
esta, por si só, pode ser uma das causas da SM.
Segundo a endocrinologista, as prováveis causas da síndrome metabólica têm origem no sobrepeso ou obesidade, resistência à insulina e sedentarismo, mas salienta que o envelhecimento natural aumenta o risco do aparecimento da doença, havendo também fatores genéticos que podem contribuir à resistência a insulina. Além desses fatores, Denise Reis explica que a esteatose hepática (gordura no f ígado), s índrome do ovário policístico (tendência de desenvolver cistos no ovário) e apneia do sono (problemas respiratórios durante o sono) podem estar relacionadas com a doença.
De acordo com a médica, o diagnóstico é feito por exame físico e exame de sangue, esclarecendo que é solicitada a dosagem de triglicérides (tipo de gordura encontrado no sangue), dosagem do perfil de lipídeos (colesterol ) , verif icação da pressão arterial e dosagem da glicemia de jejum (açúcar no sangue).
Quanto aos níveis de colesterol, estes englobam o nível do colesterol chamado LDL e o HDL (chamado de “colesterol bom”), que neste caso ganha destaque, já que é responsável por ajudar a remoção do colesterol das artérias.
Segundo o cardiologista Amilton Silva Júnior, os fatores relacionados à SM como obesidade, hipertensão, alterações no metabolismo da gordura e açúcares são fatores de risco importantes para o desenvolvimento das doenças ateroscleróticas, propiciando aos indivíduos doenças coronarianas. “O paciente com SM está sujeito a consequências danosas como infarto agudo do miocárdio, insuf iciência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e angina pectoris (um tipo de dor que o paciente sente no peito, braço ou nuca geralmente no esforço físico ou estresse emocional)”, diz ele.

Prevenção e tratamento
O tratamento da doença é centrado principalmente na mudança do estilo de vida. O paciente é aconselhado a fazer alterações no seu dia a dia, que vão desde a redução do peso à inclusão de atividades físicas regulares, parar de fumar, mudar a alimentação para uma dieta saudável e atenção ao coração (veja boxe). O primeiro objetivo do tratamento, segundo Denise Reis, é direcionado a reduzir o risco da doença cardíaca e, para tanto, deve-se adequar os níveis de colesterol, controlar a pressão arterial e a glicemia. A médica explica também que, se as mudanças no estilo de vida não forem suficientes para atingir esse objetivo, podem ser associados medicamentos que irão auxiliar nesse controle.
Para a nutricionista Fernanda Castelo Branco, membro da equipe multidisciplinar da Associação de Diabetes Juvenil, o tratamento dos indivíduos com SM deve incluir uma dieta alimentar que atenda às necessidades pessoais do paciente. Fernanda faz referência à avaliação do paciente, por meio de exames específicos, como a bioimpedância (exame que detecta o excesso de gordura na composição corporal) e análise do índice de massa corporal
(IMC). “Através do cálculo de IMC é possível saber se alguém está acima ou abaixo dos parâmetros ideais de peso para sua estatura. Com o IMC é possível medir o grau de obesidade de uma pessoa”, explica.
Outro parâmetro é a circunferência abdominal que pode apontar um risco maior para problemas cardiovasculares. Já a bioimpedância permite que, mediante uma baixa corrente elétrica, se avalie a composição de gorduras e água corporal. Assim se define o que deve ser modificado quanto à alimentação e o plano de atividade física. O interessante é que esse exame ajuda a detectar as chamadas “magras gordas”, ou seja, pessoas magras no peso e com composição de gordura aumentada no corpo, que provoca a desarmonia corporal (celulite, flacidez, gordura localizada e excesso de gordura), o que pode ser fator de risco para outras doenças.
Por fim, ambas as profissionais salientam a importância da utilização de alimentos que auxiliam no aumento do colesterol HDL, diminuindo-se as gorduras, os açúcares e o sódio da alimentação. Denise, por sua vez, cita alimentos como carnes magras, aves (sem ingestão da pele) e peixes, entre outros.


Por: Jeferson Mattos
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. Julho/Agosto/Setembro – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

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