terça-feira, 28 de dezembro de 2010

LESÃO DE NERVO

A doença provoca a perda da motricidade de todo o lado afetado do rosto
© Aliencat | Dreamstime.com

Aparalisia facial periférica (PFP) pode aparecer da noite para o dia, como aconteceu com Sílvia, especialista em comércio exterior desempregada. Um dia antes da PFP se manifestar ela se sentiu incomodada com o reflexo da luz solar nos olhos. No dia seguinte acordou com o rosto inchado e uma sensação estranha de formigamento, mas só notou as alterações quando se viu no espelho e percebeu o repuxamento que ia da boca até a testa afetando todo o movimento do lado direito. Passados oito meses, ainda apresenta limitações nos movimentos faciais. Silvia ainda não teve seu diagnóstico fechado e só agora foi encaminhada para exames de ressonância magnética e tomografia.
Por sofrer uma deformação inesperada da face, o paciente muitas vezes procura o pronto-socorro acreditando que está com um “derrame”, mas a PFP difere da paralisia ocasionada por acidente vascular cerebral (AVC) porque provoca a perda da motricidade de todo o lado afetado do rosto, em razão da lesão do nervo facial. “A paralisia facial aguda é uma doença otológica em 90% dos casos e, em função disto, o paciente deve ser avaliado por otorrinolaringologista”, esclarece o médico Paulo Roberto Lazarini, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde é também coordenador do Núcleo de Cirurgia da Base de Crânio.
Ele faz um alerta: “O médico deve atuar rapidamente para estabelecer o tratamento mais adequado a cada momento e evitar possíveis sequelas, pois a demora pode comprometer de modo irreversível a recuperação do paciente, além de resultar também em alterações psicossociais em razão da deformação visível”.
Lazarini explica que “há uma diversidade de fatores etiológicos (traumas no crânio, infecções, tumores, doenças sistêmicas como hipertensão arterial e diabetes melito, entre outros), mas geralmente a PFP se instala subitamente, embora em alguns casos se desenvolva de forma lenta e progressiva, e pode acontecer em qualquer fase da vida”. Segundo ele, a determinação das causas nem sempre é fácil e deve ser feita a partir de uma avaliação clínica detalhada que pode exigir também uma série de exames complementares.
Na prática, em muitos casos o diagnóstico é feito por eliminação e, até recentemente, 90% dos pacientes eram diagnosticados como portadores de paralisia de Bell, caracterizada pelo quadro agudo de paralisia facial com características periféricas e sem causa definida, mesmo depois de toda investigação convencional clínica, laboratorial e de imagem. Estudos mais recentes, no entanto, revelam que a maioria dos casos pode ter origem viral.
Essa hipótese é corroborada pela médica Raquel Salomone, supervisora do Ambulatório de Paralisia Facial Periférica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Integrante do grupo de estudo de regeneração do nervo facial com células-tronco, Raquel explica que a paralisia pode ser consequência de uma inflamação no nervo facial ocasionada por alguns tipos de vírus relacionados ao herpes, que estão latentes no organismo e podem se desenvolver em decorrência de uma queda de imunidade. Por isso são mais frequentes em mulheres grávidas e portadores de HIV, mas podem estar relacionados também a outras situações que provocam a queda de resistência e criam condições propícias para esses vírus se instalarem. 
Nos casos diagnosticados como paralisia de Bell, cerca de 80% dos pacientes apresentam recuperação completa no período de 30 a 60 dias após o início da doença. Outros 15% podem ter recuperação mais lenta e apresentar alguma sequela, enquanto 5% não conseguem reverter o quadro. Quando a paralisia facial é consequência de algum tumor ou tem causas congênitas, no entanto, a possibilidade de recuperação é bem mais restrita, segundo Lazarini.
Para o especialista, existe uma série de procedimentos cirúrgicos que buscam a reabilitação da função motora facial. “No caso da paralisia de Bell, exames específicos realizados na fase aguda podem nos indicar se há degeneração neural e, nestas circunstâncias, a descompressão do nervo facial pode ser necessária. Caso o individuo tenha a doença há mais de dois anos o procedimento cirúrgico será diferente e focado na musculatura da face.”
Raquel Salomone complementa: ”O tratamento deve ser iniciado de preferência nos dez primeiros dias, com medicamentos à base de corticoides, antibióticos e antivirais”. Ela lembra que a cirurgia também é indicada quando se constata que houve fratura dos ossos microscópicos presentes da estrutura do ouvido ou quando é preciso colocar uma espécie de peso na pálpebra, para permitir que o paciente consiga fechar o olho afetado, pois a paralisia afeta também a produção lacrimal, podendo provocar lesões oftálmicas sérias e exigindo cuidados especiais para preservar a visão. Outra possibilidade de tratamento é a aplicação de botox para melhorar a simetria do rosto.
Os dois médicos fazem restrições ao uso de tratamento com estimuladores elétricos nos quadros agudos da doença, pois podem levar a uma contratura muscular mais intensa e comprometer a recuperação dos movimentos faciais. Dependendo da causa, o atendimento dos pacientes com PFP pode envolver uma série de profissionais, o que inclui fonoaudiólogos – para exercícios que estimulem a recuperação dos movimentos – e psicólogos para atenuar os efeitos emocionais negativos e reforçar a disposição do doente, pois os tratamentos em geral exigem muita paciência e persistência. A ajuda psicológica é necessária também porque as sequelas da paralisia facial vão muito além da dificuldade em movimentar a face e em muitos casos os pacientes evitam o contato social, perdem o emprego e se isolam, por se sentirem discriminados por sua doença.
 Por: Eli Serenza
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. Julho/Agosto/Setembro – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

2 comentários:

  1. OI!
    PRECISO DE AJUDA! EU TENHO UMA VÓ DOENTE. ELA ESTÁ COM MUITA DOR E A FERIDA ATINGIU O NERVO FACIAL, MAL CONSEGUE ABRIR A BOCA E NÃO CONSEGUE AS VEZES COMER.
    PRECISO DE UM MÉDICO QUE POSSA AJUDAR ELA E QUE SAIBA DO QUE SE TRATA.PAGAMOS A CONSULTA SE PRECISAR. O MEU EMAIL É: COSTAV02@YAHOO.COM.
    OBRIGADO.

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  2. olá tive paralisia facial a tres anos e ainda tenho seqüelas ,fiz fisioterapia e acupuntura mas minha boca ainda esta um pouco torta e sem todos os movimentos o que posso fazer? tem alguma cirurgia,um abraço

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