terça-feira, 31 de agosto de 2010

TAL PAI, TAL FILHO

Nutricionistas orientam pais a adotar bons hábitos alimentares desde cedo


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Qual pai não passou pelo momento de enfrentar o filho que recusa o alimento? Ou qual adulto já não implorou para que a criança comesse, usando de todo artifício possível para convencê-la, como se ela não comer, não vai crescer; se limpar o prato, vai ganhar um presente; ou fazendo aquele já tradicional “aviãozinho”? Pois esses artifícios não são nada aconselháveis de serem usados com os    pequenos, principalmente quando se utiliza a chantagem ou barganha para convencê-los a comer.
De acordo com o nutrólogo e pediatra da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), Mauro Fisberg, a seletividade é uma fase normal do desenvolvimento infantil. “Porém, é uma fase que tende a passar. Por outro lado, algumas crianças adotam esse comportamento de maneira exacerbada e começam a apresentar baixo peso, falta de atenção, desenvolvimento lento no aprendizado, deficiência de nutrientes como ferro, vitaminas e sais minerais”, diz o especialista.
Os nutricionistas, assim como os médicos, têm a opinião de que os bons hábitos alimentares devem ser estimulados desde a infância. A alimentação deve incluir frutas, legumes e verduras. E as guloseimas devem ser deixadas de lado.
Mas como estimulá-las ou despertá-las para uma alimentação saudável e equilibrada se os próprios pais se alimentam de maneira inadequada? Como convencer os filhos a não incorporarem o fast food ou junk food como parte de sua rotina se nem eles mesmos possuem bons hábitos alimentares? Segundo o médico, a família é o modelo para a criança. “Se as refeições não são feitas à mesa, se os pais e os irmãos mais velhos só comem lanches, dificilmente a criança vai gostar de alimentos como frutas, verduras e legumes”, alerta. 
Brigitte Olichon, professora do curso de Nutrição da Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FASE), de Petrópolis (nota máxima – cinco, na última avaliação do MEC), diz que“a criança deve ser apresentada aos alimentos saudáveis como algo que faz parte da vida familiar. Só depois de, no mínimo, sete vezes ter experimentado o alimento, é que podemos considerar que ela pode não gostar de algum tipo específico de comida”. Ainda segundo a nutricionista, “o que a criança come é de responsabilidade dos adultos. Ela não tem discernimento suficiente para fazer escolhas acertadas. Os pais devem ser firmes em sua posição de educadores”. 
A alimentação errada na infância, como o excesso de gorduras e falta de nutrientes, como os do junk food ou comida lixo, na tradução, pode vir a provocar a obesidade em crianças maiores e, principalmente, nos adolescentes, e assim antecipar em até 20 anos o aparecimento de doenças cardiovasculares, como o enfarte e acidente vascular cerebral.
A razão disso é a aterosclerose, ou o envelhecimento precoce das veias. De acordo com o cardiologista Wilson Salgado, médico assistente da unidade clínica do InCor, “o jovem obeso está com os mesmos índices de uma pessoa até 20 anos mais velha”. A opinião é compartilhada pela médica e diretora da ABN – Associação Brasileira de Nutrologia, Márcia de Castro Sebastião, que diz que a obesidade hoje atinge cerca de 30% dos jovens. Segundo ela, “a maioria das crianças não toma café da manhã antes de ir para a escola, come frituras e bebe refrigerante”. 
As atribulações da vida moderna e a consequente falta de tempo dos pais fazem com que deem comidas impróprias aos seus filhos. É mais prático, menos trabalhoso. Entretanto, esta “comodidade” só prejudica. “Os pais devem impor limites como horários para as refeições, locais  apropriados e ritmo de alimentação sem exageros na duração (30 minutos são o ideal)”, diz Fisberg. Algumas orientações são comuns entre médicos e nutricionistas. Na hora da refeição, é preciso evitar distrações, oferecer alimentos coloridos e que despertem o apetite das crianças. A introdução de novos alimentos deve ser feita de maneira sistemática, assim como oferecer sempre frutas, verduras e legumes, servir a refeição em conjunto com os familiares e limitar o consumo de líquidos.
A ausência de controle por parte dos pais, assim como o modelo de inspiração inadequada de alimentação que podem vir a dar aos filhos, é uma possível explicação do aumento da obesidade entre as crianças. A outra seria a genética. As crianças hoje são muito ligadas a televisores, computadores e videogames. A vida urbana e o medo das ruas as forçam ao confinamento do lar. Em tempos remotos, as crianças queimavam mais calorias. Brincavam na rua, no quintal, reuniam-se com a turma para andar de bicicleta, jogar futebol.
Antigamente, a gordura era padrão de beleza e de sucesso. O desejável para a mãe era que os filhos fossem gordinhos, robustos e corados, mas não havia conhecimento que o fator obesidade poderia se tornar um problema sério de saúde. Os erros mais comuns são cometidos pelos pais, quando, desde a mamadeira, inserem na alimentação de seus filhos o açúcar e a gordura do leite de vaca, muitas vezes acompanhados de farináceos.
“Há uma prevalência de diabéticos, hipertensos e obesos na vida adulta que foram precocemente apresentados a alimentos não saudáveis. O que plantamos nas crianças, hoje, é o que colheremos amanhã no adulto”, afirma a nutricionista Brigitte.
Estudos publicados na revista norte-americana Pediatrics, em sua edição de fevereiro, demonstram o papel negativo do merchandising nos maus hábitos alimentares das crianças. Segundo a pesquisa, a maioria dos filmes infantis é financiada pelas indústrias de alimentos não saudáveis, como doces e balas, salgadinhos e bebidas açucaradas. Foram analisados mais de 200 filmes entre os anos de 1996 e 2005 e a maioria, ou seja, 69% apresentavam pelo menos uma vez a imagem desses alimentos.
Portanto, pais, cuidado com o que comem durante as refeições, principalmente ao lado de seus filhos.

Autora: Neusa Pinheiro
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº2. Abril/Maio/Junho – 2010.
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O MELHOR REMÉDIO

 O envelhecimento populacional reforça a necessidade de se buscar uma vida saudável

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Até há bem pouco tempo, acreditava-se que o segredo da saúde e da longevidade estava no destino, selado por herança genética. Aos poucos, vários estudos comprovaram:
não existe somente isso na balança e a atenção à saúde se torna cada vez mais importante, tanto para o indivíduo como para as organizações, governos e instituições de saúde.
A mais recente pesquisa da Organização Mundial de Saúde revelou que pressão alta, tabagismo, alta taxa de glicose no sangue, sedentarismo e excesso de peso são as principais causas de morte no mundo. E ainda ampliam o risco de doenças crônicas como cardiopatias, diabetes e câncer.
Considerados os males da modernidade, os cânceres em geral e as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC (acidente vascular cerebral), estão entre as principais causas de óbitos ou de incapacidade. Elas estão associadas aos mesmos maus hábitos: má alimentação, consumo excessivo de álcool, tabagismo, falta de atividade física e exposição a substâncias tóxicas. Fatores facilmente eliminados com uma série de ações preventivas com o objetivo de tornar a vida mais saudável, como exercícios, dieta à base de legumes, verduras e carnes magras, além do abandono da bebida em excesso e do cigarro. Isso sem esquecer a visita ao médico para o indispensável check-up.
De acordo com o consultor internacional para políticas de envelhecimento da Academia de Medicina de Nova York, Alexandre Kalache, há um agravante nesse quadro: o envelhecimento da população mundial.
Segundo ele, 25% da longevidade dos indivíduos deve-se à genética e 75% estão ligados a estilos de vida, comportamentos saudáveis e a um meio ambiente sadio. “Somos, hoje, 18 milhões de brasileiros com mais de 60 anos. Vamos dobrar esse número em 20 anos. A população com mais de 80 anos estará, então, crescendo 6% ao ano, enquanto a população como um todo vai diminuir”, alerta.
O aumento da sobrevida, por sua vez, implicará a expansão de doenças características da terceira idade.
Segundo Alfredo Salim Helito, clínico geral do Hospital Sírio-Libanês, as doenças cardiovasculares, infarto e outros males circulatórios poderiam ser evitados com o simples controle da hipertensão e do diabetes. Além disso, ele adverte: “A prevenção representa 80% da cura do câncer. Isso significa fazer exames preventivos e manter hábitos saudáveis”. E, segundo o último estudo do Inca – Instituto Nacional do Câncer –, o Brasil terá 489.270 casos dos onze tipos de tumor mais comuns, em 2010.
Já Alexandre Leopold Busse, geriatra do Serviço de Gerontologia do Hospital Sírio-Libanês, acredita que fazer exercícios é a forma mais adequada para combater a perda da função muscular e da massa óssea, que pode levar à osteoporose.
Para garantir a recuperação da capacidade funcional que se vai perdendo com a idade, o Sírio criou uma Oficina de Quedas, onde os idosos fazem exercícios para treinar equilíbrio. O hospital ainda tem um programa específico para identificar o que chama de “síndrome da fragilidade”, quando o idoso entra em fase caracterizada por sintomas como falta de apetite, ausência de energia, depressão, falta de sono, redução da força muscular, com risco de queda e aumento da atividade inflamatória. “Aí ele passa por uma bateria de exames e avaliações feitas por um conjunto de especialistas que farão um diagnóstico e prognóstico de sua evolução dali em diante”, explica o geriatra. Existe ainda naquele hospital uma série de oficinas de envelhecimento saudável que têm o objetivo de diminuir as limitações e incentivar a autonomia, saúde e bem-estar do idoso.
Este é o foco também dos projetos piloto que serão desenvolvidos por especialistas nacionais e internacionais no novo Centro Internacional de Políticas Públicas para o Envelhecimento (CIPPE), em fase de implantação, no Rio de Janeiro. 
Segundo seu idealizador, o médico Alexandre Kalache, o CIPPE vai procurar responder aos desafios desta nova realidade da população mundial, que está se tornando cada vez mais idosa.
Em parceria com a Sociedade Brasileira de Gerontologia e Geriatria, Seção São
Paulo, o Centro está desenvolvendo também um currículo-modelo para
as escolas de medicina que deverão formar médicos treinados para o tratamento
de doenças típicas do envelhecimento populacional.

Boca sadia
A prevenção também é o remédio que pode salvar milhares de brasileiros do câncer bucal. São 14 mil novos casos da doença todos os anos. A dentista estomatologista da Unifesp Denise Caluta Abranges informa que, em 2008, o câncer bucal acometeu mais de 10 mil homens e 3.780 mulheres.
Segundo Denise, a prevenção é praticamente tudo o que se tem a fazer para evitar e, se não for possível, combater o câncer de boca. “Maus hábitos, como fumo ou álcool, explicam a maior incidência nos homens”, diz a dentista. E o que piora a incidência? O diagnóstico tardio.
A dentista confessou ter se impressionado com os resultados da campanha feita pela Unifesp no ano passado, chamando a população para fazer diagnóstico de boca e laringe. Entre os 840 pacientes examinados no ambulatório, nove tinham o câncer, alguns em estado grave. O que, segundo ela, não é pouco para uma amostra aleatória, tomada ao acaso.
Denise aconselha homens e mulheres com mais de 40 anos, fumantes e que fazem uso de bebida alcoólica, a fazer o autoexame. E, ante qualquer alteração, procurar um dentista. Para orientar a população, a Unifesp colocou um vídeo no Youtube com instruções. Basta digitar, naquele site: autoexamebucal. Em janeiro, Denise inaugura um site com informações detalhadas sobre a doença, orientando a população a procurar um profissional para fazer diagnóstico se, ao fazer o autoexame, verificar qualquer suspeita de alteração.

Autora: Cecília Pires
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº1. Jan./Fev/Mar – 2010.
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

TERAPIA CONTRA A DOR

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Tratamento integrado alia psicologia a procedimentos minimamente invasivos
Pesquisas indicam que 80% da população com idade acima de 40 anos apresenta algum tipo de problema na coluna – e o mais comum deles é a chamada hérnia de disco que, em alguns casos, pode levar o paciente à cirurgia. Trata-se de doença degenerativa de envelhecimento do disco que, porém, não tem nada a ver com o envelhecimento do indivíduo. Mas tem tudo a ver com a falta de atividades físicas e o fato de os profissionais manterem posturas erradas no dia a dia, obrigando a coluna a trabalhar de forma inadequada. 
Atualmente, com técnicas modernas e avançadas, como as cirurgias chamadas 
minimamente invasivas, tanto o tratamento quanto a recuperação dos problemas da coluna vertebral são bem menos dolorosos do que antigamente. Além disso, uma nova abordagem inclui o trabalho de psicólogos para diminuir a dor e a ansiedade do paciente. 
O neurologista, cirurgião e professor Luiz Mattos Pimenta, responsável pelo Instituto de Patologia da Coluna (IPC), é um dos pioneiros da utilização dessas novas técnicas cirúrgicas, agregando psicologia ao tratamento. “A proposta do IPC, que nasceu há apenas um ano, é tratar o paciente portador de problemas de coluna em todos os aspectos. O primeiro e maior enfoque é o da prevenção, que acontece por meio de tratamentos conservadores evitando qualquer tipo de procedimento cirúrgico. Dentro desse enfoque, busca-se propiciar ao paciente uma melhor qualidade de vida”, explica.
Segundo o especialista, o estresse da vida moderna ocupa uma parcela importante na causa da dor na coluna. “O IPC se preocupa com o suporte psicológico aos seus pacientes porque acredita que o sucesso de qualquer tratamento está intimamente ligado a esta questão. É muito importante tratar o paciente de forma integrada para que ele consiga ter de volta não apenas suas atividades físicas, mas também as atividades sociais e de trabalho”, acrescenta Mattos. 
Quando a cirurgia se torna inevitável, o IPC tem diferentes tratamentos cirúrgicos minimamente invasivos que, basicamente, consistem na utilização de instrumentos percutâneos, que protegem músculos e ligamentos para atingir cirurgicamente apenas o foco do problema. Isto faz com que a recuperação do paciente seja muito mais rápida e menos dolorosa, permitindo o retorno às atividades normais do paciente. 
Depois da investigação completa de sintomas e os exames de imagens – como raios X, tomografia computadorizada e ressonância magnética, para confirmar o diagnóstico –, o tratamento é indicado conforme o caso. Alguns não necessitam de cirurgia e passam por procedimento terapêutico à base de medicamentos e programas fisioterápicos. Já outros têm indicação cirúrgica. 
Além da dor nas costas, um dos sintomas mais comuns no dia a dia do IPC, os pacientes apresentam reações emocionais à dor – como medo, ansiedade e preocupação sobre quanto tempo ela irá durar. Um dos fatores mais importantes no tratamento da coluna é tentar manter controlado o nível de estresse do paciente. 
Dores crônicas de longa duração costumam ser associadas a uma carga psicológica ainda maior. “Existe uma relação dinâmica entre o estado de espírito e a condição física; se uma pessoa está muito estressada, seu físico vai responder mal ao tratamento”, diz Mattos. E mais, o sofrimento emocional pode levar à perda do sono, à incapacidade de trabalhar, à irritabilidade e insegurança. 

Trabalho Integrado 
Baseado em estudos científicos americanos que demonstram resultados pós-cirúrgicos piores em pessoas com aspectos psicológicos comprometidos, o IPC desenvolveu um trabalho integrado entre os especialistas em coluna e uma equipe de psicólogos que avalia cada paciente e encaminha para o tratamento terapêutico mais adequado. 
O Departamento de Psicologia surgiu da experiência prática no atendimento, quando os médicos perceberam que alguns pacientes que se submeteram à cirurgia tinham grande melhora; e outros, com algum comprometimento emocional, passavam pelo mesmo procedimento cirúrgico e tinham resultados piores. “O fato de o paciente encontrar-se diante de uma cirurgia gera nele e em sua família sentimento de angústia que, identificado antes do procedimento, pode ser trabalhado, fazendo com que o paciente se sinta mais preparado para lidar com a situação”, explica Marcia Azevedo, diretora do Departamento de Psicologia do IPC. “No instituto, o paciente passa por três etapas: avaliação pré-operatória, atendimento psicológico durante a internação, caso ele necessite, e o tratamento pós-cirúrgico.” 
“Nosso papel é dar-lhe a possibilidade de cuidar do seu emocional, para voltar às suas atividades com boa qualidade de vida e da maneira mais rápida possível”, diz a psicóloga Viviam Amaral, também do IPC. 
“É importante que o paciente faça o maior esforço possível para manter-se ativo, mesmo que sinta algum grau de dor, e fique mais atento aos ganhos com o tratamento do que aos problemas que lhe restam”, diz Eunice Maria Carneiro Butisani, 78 anos. Durante dez anos, ela mal conseguia andar em decorrência das dores na coluna. No ano passado, foi operada e viu-se livre da dor crônica que a atormentava.




Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº1. Jan./Fev/Mar – 2010.
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

SONO CONTURBADO

A síndrome atinge de 5% a 15% da população mundial


Descrita pela primeira vez peloneurologista suíço Karl-Axel Ekbom, em 1947, a Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) caracterizase por alterações da sensibilidade e desconforto nas pernas, nos braços e, às vezes, até no tronco. A doença acomete, preferencialmente, os adultos e sua incidência aumenta com o envelhecimento. 
O diagnóstico é fundamentalmente clínico e depende de boa avaliação do médico sobre os sintomas do paciente.
Segundo o neurologista Luiz Fabiano Marin, do setor Neuro–Sono da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina, a SPI é uma condição médica crônica, caracterizada por desconforto nos membros. “Esse desconforto apresenta-se como dor, queimação, cãibra, pontadas e parestesias (sensações na pele como calor, formigamento, pressão e dormência) que surgem sem estimulação direta sobre o local. Costuma ser localizado nas panturrilhas e é aliviado temporariamente por banhos quentes ou atividade física”, explica o especialista. 
Gilmar Fernandes do Prado, também professor de Neurologia da Unifesp, lembra que a doença ocorre quando o indivíduo interrompe suas atividades para descansar, principalmente à noite, ao dormir. “A SPI traz um comprometimento muito grande à pessoa afetada, pois, se os sintomas forem mais intensos, o paciente pode até não dormir à noite ou dorme apenas algumas horas no final da madrugada”, alerta. 
Essas sensações obrigam o paciente a massagear as pernas, alongar, esticar ou levantar-se e andar pela casa. “O importante é saber que, junto com os sintomas (formigamento, agulhadas, tremores ou choques), associa-se um sentimento de angústia muito grande caso o paciente não mova as pernas”, Neusa Pinheiro explica ainda o professor Fernandes do Prado. Segundo ele, os sintomas da SPI melhoram com os movimentos, principalmente com o andar. 
Algumas vezes o(a) parceiro(a) de cama ajuda informando se o paciente também faz movimentos de pernas à noite. Muitos pacientes com SPI têm os chamados movimentos periódicos dos membros durante o sono. Mas,
os especialistas afirmam que apenas a presença deles não significa que o indivíduo tenha SPI. 
A causa da SPI ainda é desconhecida, mas já se sabe que há uma forma transmitida geneticamente. É comum após o diagnóstico o paciente identificar outros membros da família com SPI. Além disso, já se detectou o envolvimento da dopamina, substância presente no cérebro, na síndrome. Em pacientes com SPI essa substância é deficiente.
"A diminuição da atividade da dopamina ocorre em locais diferentes daqueles pacientes que têm doença de Parkinson, por exemplo. Por isso, sempre informamos aos pacientes com SPI que eles não apresentam maior chance do que outro paciente de desenvolver a doença – já os pacientes com Parkinson, esses sim apresentam chance maior de SPI”, esclarece Marin. 
Pesquisas mais recentes investigam as relações entre o ferro no cérebro, os problemas na medula e a dopamina, responsável pelas informações entre os neurônios que executam movimentos. Quem tem SPI parece ter diferenças no metabolismo do ferro, ou seja, no modo como ele é absorvido, excretado, e como chega ao neurônio. 
Prado esclarece ainda que outras doenças estão associadas à SPI. Entre elas, estão a anemia, insuficiência renal crônica – com o paciente em diálise – e até o estado de gravidez (a incidência chega a cerca de 14% nas grávidas). Doenças neurológicas que afetam a medula espinhal, mal de Parkinson e enfermidades que envolvem os nervos também podem ser relacionadas à SPI. 
O tratamento da síndrome é bastante amplo. Não há cura para a doença, mas é possível controlá-la com muita eficiência dando ao paciente uma grande melhora em sua qualidade de vida. Primeiramente”, esclarece o professor Gilmar Fernandes do Prado, “deve-se dizer ao paciente o que é a doença, oferecer a ele, inclusive, material para a leitura. O site da Abraspi - Associação Brasileira da Síndrome das Pernas Inquietas -, www.sindromedaspernasinquietas.com.br, tem sido bastante útil em prestar essas informações”, diz. 
“Aqui, na Disciplina de Neurologia da Unifesp estamos verificando o quanto é possível melhorar os sintomas da SPI com exercícios físicos regulares. Também estamos verificando se a acupuntura traz algum benefício para os pacientes”, afirma o professor Fabiano Marin. 
Cuidar da alimentação também faz parte do tratamento. É importante saber que alguns alimentos como chocolate, coca-cola, guaraná, chá-mate ou chá preto e café, assim como o cigarro e o álcool, podem piorar a SPI, devendo o paciente estar sempre atento a mudanças clínicas quando passa a tomar, por exemplo, um antidepressivo.


Autora: Neusa Pinheiro

Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº1. Jan./Fev/Mar – 2010.
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A FORÇA DE UM CLIQUE

Cada vez mais as empresas descobrem o poder dos sites de relacionamento

Twitter, Orkut, Facebook, Youtube, Linkedin, esta profusão de siglas explodiu no mundo em velocidade nunca vista. As redes sociais já começam a provocar uma verdadeira revolução nas comunicações e nas relações entre pessoas, empresas e consumidores no século 21. Trata-se de um fenômeno que pode atingir diretamente as transações econômicas – e já se tornaram um ponto nevrálgico da economia de mercado, ao misturar comunicação com economia, o que os especialistas estão chamando de mundo do Socialnomics.
Com quase 65 milhões de pessoas com acesso à internet nas residências, locais de trabalho e escolas, o Brasil já tem 21,4 milhões de usuários usando mídias sociais. Via computador ou smartfone, é assim que os consumidores hoje espalham suas opiniões, positivas ou negativas, sobre produtos e serviços.
Empresas e comunicadores correm contra o tempo para responder e monitorar a invasão em massa nas redes e comunidades virtuais, repensando as antigas estratégias de marketing e relacionamento com os clientes. Sabem que qualquer um pode construir reputações ou detonar lideranças na velocidade de um clique.
Nenhuma outra mídia cresceu nesta velocidade e ritmo. O rádio demorou 38 anos para atingir 50 milhões de usuários. A TV, 13 anos. A internet, quatro. O Facebook agregou 100 milhões de usuários em menos de nove meses nos EUA. No Brasil, o número de usuários do Facebook em 2009 praticamente dobrou em cinco meses. Foi de 2,7 milhões de brasileiros, em maio, para 5,3 milhões, em setembro, segundo dados da consultoria Ibope Nielsen Online. O Orkut registrou 26 milhões de usuários em setembro. O Twitter, 9,2 milhões.
Para Abel Reis, presidente da AgênciaClick, especializada em publicidade online e interatividade, as redes sociais estão se tornando um canal importante para consultas na hora de decidir a compra de produtos ou serviços – e, quando bem utilizadas, são importantes ferramentas de marketing.
Especializada em mídia interativa, a AgênciaClick já criou várias campanhas utilizando mídias sociais. Um dos destaques foi a ação promovida por meio do Twitter para divulgar a parceria entre a Philips e a equipe AT&T Williams. Durante o GP de Fórmula 1 do Japão, a agência criou um endereço no Twitter para Nico Rosberg e enviou tweets aos brasileiros pedindo ajuda para encontrar o capacete que o piloto “perdera” ao chegar ao Brasil. Em seis dias de ação, o Twitter do piloto chegou a mais de 3,5 mil seguidores.
Outra campanha foi criada para a empresa Fiat, com o lançamento de um site do projeto Fiat Mio. A campanha visa ao desenvolvimento de um carro conceitual futurístico, com sugestões do público, que será mostrado no Salão do Automóvel de 2010.
“Há redes mais populares e abertas, como o Orkut, o Facebook, ou mais fechadas e profissionais, como o Linkedin e o Twitter, que têm vocação muito ampla”, explica Abel Reis.
De acordo com o publicitário, quando uma empresa se abre ao consumidor, o risco de ser atingida por críticas nas redes é alto, “mas não existe outro caminho que não o de se relacionar ativamente com os consumidores onde eles estão”, completa.
Por isso, aconselha as empresas a estudarem muito bem o terreno virtual antes de entrarem na rede.
Reis enxerga a internet como um oceano de possibilidades para a participação dos executivos das empresas, mas adverte para um componente de risco e outro de oportunidade envolvendo a reputação de pessoas com poder de propagação espetacular. “Nenhum executivo pode atuar nas redes sociais com sua verdadeira identidade sem levar em conta a imagem de sua empresa e a sua própria como representante da Companhia. Usar as mídias sociais para fazer propaganda de sua empresa, a chamada publicidade chapa branca, não gera credibilidade e é muito mal visto”, adverte.
Já a Tecnisa, empresa do ramo imobiliário, foi pioneira em estratégia digital. Iniciou com a reformulação do site e o fortalecimento do e-commerce, em 2001. A partir daí foi incorporando novidades, como blog corporativo, Twitter, canal no Youtube, Facebook, Flickr, site móbile etc. “A Tecnisa foi a primeira empresa do Brasil a ter um gerente de redes sociais e ainda hoje é
uma das poucas que compreende a sua importância”, afirma Romeo Busarello, diretor de Marketing da Tecnisa. Segundo ele, com o trabalho focado nas redes sociais, a empresa estreitou ainda mais o relacionamento com pessoas de interesse. “Mas o maior ganho foi o aumento da visibilidade da marca”, lembra Romeo Busarello.

Autora: Cecília Pires
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº1. Jan./Fev/Mar – 2010.
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br