sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

RECICLAGEM PROFISSIONAL

Plano de carreira e informação estratégica são fundamentais
© Andresr | Dreamstime.com


Atentos a novas tecnologias que surgem a todo instante os bons profissionais que fomentam o mercado de trabalho atualmente devem frequentar cursos de qualificação profissional para lidar com mudanças e inovações. Realizam cursos de especialização, pós-graduação, mestrado, MBA e falam mais de dois idiomas. Estes disputados profissionais ocupam o lugar daqueles que, há duas décadas, se diferenciavam por possuir apenas um curso superior e dominar a língua inglesa.
O upgrade de exigências se deu em razão da maciça utilização da internet e dos celulares, o que facilitou a comunicação. E a informação passou a ser adquirida em segundos. Conforme Cássia Lourenci, consultora de Recursos Humanos e coaching, os profissionais que hoje enfrentam o mercado de trabalho já nasceram em um mundo onde as exigências são maiores. Aprendem mandarim, fazem fonoaudiologia e já estudam em escolas bilíngues, onde lhes são ensinados inglês e espanhol.
Esses profissionais com perfil multitarefa disputam vagas com os profissionais de outras gerações. Estes, em razão da competitividade acirrada, também buscam mais qualificação.
Contudo, Cássia alerta: “Atualizar-se não é fazer cinco MBAs, mas ter um plano de carreira”.
Para a consultora muitas pessoas concluem cursos superiores e geralmente optam por especializações ou extensões na mesma área. Mas os conhecimentos específicos são importantes até determinado momento da carreira. “Quanto mais o profissional subir na hierarquia organizacional, mais estratégico precisará ser. Por isso, é importante focar não apenas no operacional”, aconselha. Segundo a consultora, é preciso investir em cursos de gestão de pessoas, gestão estratégica e empresarial. “Sem conhecimentos estratégicos, mesmo tendo galgado novo cargo, esse profissional pode perder o emprego”, completa.
Cássia acredita que um bom momento para escolher as melhores vertentes profissionais é cerca de cinco anos após a conclusão do curso superior. “Neste momento, ele já está no mercado de trabalho e sabe exatamente onde é o seu calcanhar de Aquiles. Aí, tem condições de optar por um curso que, de fato, vai agregar conhecimentos fundamentais à sua carreira.”
Cássia sugere, portanto, que os profissionais realizem, uma vez por ano, um curso prático como o de um software e, a cada cinco anos, outro mais profundo, como uma pós-graduação ou especialização. Orienta ainda que o profissional quebre mensalmente aquela janelinha que, no passado, dividia seu setor e passe um dia de vivência em outro departamento. “Claro que o profissional não precisa se tornar um profundo conhecedor nas funções da outra área, mas deve entendê-las para poder executar melhor as suas.”

Exemplos 
A multinacional Syngenta, que atua no setor de agribusiness, tem 1.730 funcionários e é um exemplo de como estimular e investir em seus colaboradores. Em 2009, 412 profissionais da empresa participaram de programas e 112 passaram por treinamentos regulares de idiomas. “Traçamos nossas estratégias baseados nas competências de nossos funcionários e, por isso, investir no crescimento deles é fundamental”, diz Carlos Gajardoni, gerente de treinamento e desenvolvimento. 
A empresa desenvolve programa de educação corporativa nos segmentos comercial, liderança, treinamentos internacionais e corporativos.
Lilian Saldanha, engenheira agrônoma, iniciou suas atividades como analista da área de regulamentação há dez anos. O cargo de gerente surgiu após cursos sobre manejo de projetos, realizado nos Estados Unidos. Ela também passou por treinamentos de comunicação, liderança, gestão de pessoas, manejo de projetos e coachings.

 Por: Renata Bernardis
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. Julho/Agosto/Setembro – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

LESÃO DE NERVO

A doença provoca a perda da motricidade de todo o lado afetado do rosto
© Aliencat | Dreamstime.com

Aparalisia facial periférica (PFP) pode aparecer da noite para o dia, como aconteceu com Sílvia, especialista em comércio exterior desempregada. Um dia antes da PFP se manifestar ela se sentiu incomodada com o reflexo da luz solar nos olhos. No dia seguinte acordou com o rosto inchado e uma sensação estranha de formigamento, mas só notou as alterações quando se viu no espelho e percebeu o repuxamento que ia da boca até a testa afetando todo o movimento do lado direito. Passados oito meses, ainda apresenta limitações nos movimentos faciais. Silvia ainda não teve seu diagnóstico fechado e só agora foi encaminhada para exames de ressonância magnética e tomografia.
Por sofrer uma deformação inesperada da face, o paciente muitas vezes procura o pronto-socorro acreditando que está com um “derrame”, mas a PFP difere da paralisia ocasionada por acidente vascular cerebral (AVC) porque provoca a perda da motricidade de todo o lado afetado do rosto, em razão da lesão do nervo facial. “A paralisia facial aguda é uma doença otológica em 90% dos casos e, em função disto, o paciente deve ser avaliado por otorrinolaringologista”, esclarece o médico Paulo Roberto Lazarini, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde é também coordenador do Núcleo de Cirurgia da Base de Crânio.
Ele faz um alerta: “O médico deve atuar rapidamente para estabelecer o tratamento mais adequado a cada momento e evitar possíveis sequelas, pois a demora pode comprometer de modo irreversível a recuperação do paciente, além de resultar também em alterações psicossociais em razão da deformação visível”.
Lazarini explica que “há uma diversidade de fatores etiológicos (traumas no crânio, infecções, tumores, doenças sistêmicas como hipertensão arterial e diabetes melito, entre outros), mas geralmente a PFP se instala subitamente, embora em alguns casos se desenvolva de forma lenta e progressiva, e pode acontecer em qualquer fase da vida”. Segundo ele, a determinação das causas nem sempre é fácil e deve ser feita a partir de uma avaliação clínica detalhada que pode exigir também uma série de exames complementares.
Na prática, em muitos casos o diagnóstico é feito por eliminação e, até recentemente, 90% dos pacientes eram diagnosticados como portadores de paralisia de Bell, caracterizada pelo quadro agudo de paralisia facial com características periféricas e sem causa definida, mesmo depois de toda investigação convencional clínica, laboratorial e de imagem. Estudos mais recentes, no entanto, revelam que a maioria dos casos pode ter origem viral.
Essa hipótese é corroborada pela médica Raquel Salomone, supervisora do Ambulatório de Paralisia Facial Periférica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Integrante do grupo de estudo de regeneração do nervo facial com células-tronco, Raquel explica que a paralisia pode ser consequência de uma inflamação no nervo facial ocasionada por alguns tipos de vírus relacionados ao herpes, que estão latentes no organismo e podem se desenvolver em decorrência de uma queda de imunidade. Por isso são mais frequentes em mulheres grávidas e portadores de HIV, mas podem estar relacionados também a outras situações que provocam a queda de resistência e criam condições propícias para esses vírus se instalarem. 
Nos casos diagnosticados como paralisia de Bell, cerca de 80% dos pacientes apresentam recuperação completa no período de 30 a 60 dias após o início da doença. Outros 15% podem ter recuperação mais lenta e apresentar alguma sequela, enquanto 5% não conseguem reverter o quadro. Quando a paralisia facial é consequência de algum tumor ou tem causas congênitas, no entanto, a possibilidade de recuperação é bem mais restrita, segundo Lazarini.
Para o especialista, existe uma série de procedimentos cirúrgicos que buscam a reabilitação da função motora facial. “No caso da paralisia de Bell, exames específicos realizados na fase aguda podem nos indicar se há degeneração neural e, nestas circunstâncias, a descompressão do nervo facial pode ser necessária. Caso o individuo tenha a doença há mais de dois anos o procedimento cirúrgico será diferente e focado na musculatura da face.”
Raquel Salomone complementa: ”O tratamento deve ser iniciado de preferência nos dez primeiros dias, com medicamentos à base de corticoides, antibióticos e antivirais”. Ela lembra que a cirurgia também é indicada quando se constata que houve fratura dos ossos microscópicos presentes da estrutura do ouvido ou quando é preciso colocar uma espécie de peso na pálpebra, para permitir que o paciente consiga fechar o olho afetado, pois a paralisia afeta também a produção lacrimal, podendo provocar lesões oftálmicas sérias e exigindo cuidados especiais para preservar a visão. Outra possibilidade de tratamento é a aplicação de botox para melhorar a simetria do rosto.
Os dois médicos fazem restrições ao uso de tratamento com estimuladores elétricos nos quadros agudos da doença, pois podem levar a uma contratura muscular mais intensa e comprometer a recuperação dos movimentos faciais. Dependendo da causa, o atendimento dos pacientes com PFP pode envolver uma série de profissionais, o que inclui fonoaudiólogos – para exercícios que estimulem a recuperação dos movimentos – e psicólogos para atenuar os efeitos emocionais negativos e reforçar a disposição do doente, pois os tratamentos em geral exigem muita paciência e persistência. A ajuda psicológica é necessária também porque as sequelas da paralisia facial vão muito além da dificuldade em movimentar a face e em muitos casos os pacientes evitam o contato social, perdem o emprego e se isolam, por se sentirem discriminados por sua doença.
 Por: Eli Serenza
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. Julho/Agosto/Setembro – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

PÉS DOLORIDOS

Calçados inadequados e fatores genéticos causam essa “pedra no sapato”
© Carolinasm | Dreamstime.com

Terezinha Palácio Leite tem 33 anos e é dona de casa. De uns tempos para cá, algo começou a atrapalhar sua vida atribulada: dores nos dois pés, principalmente quando usa sapatos apertados. Ela observou alguns desvios do dedão, em especial no pé esquerdo. “Sinceramente, não sei quando começou. Se uso sapatos apertados, sempre sinto dor porque
pressiona. Meu pai tem o problema em um dos pés, já eu tenho nos dois. Nunca procurei um médico para tratar”, conta. A dona de casa recorre às “rasteirinhas” para aliviar o incômodo. “Geralmente quando os sapatos apertam, eu faço de tudo para tirá-los logo. De dez minutos a meia hora sem eles já ameniza bastante a dor”, lamenta.
Esses são alguns dos sinais de joanete, mal que atinge mulheres e homens – na proporção de oito para um –, com manifestação, em geral, na adolescência e vida adulta, e também com casos na infância. É caracterizada pela saliência na cabeça do primeiro osso metatársico, próximo à base do dedão do pé, chamado cientificamente de halux valgo.
Segundo a ortopedista Cibele Réssio, especialista em pé e tornozelo da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, o primeiro indício do joanete é a dor. “O joanete, o halux valgo, só ocorre no dedão do pé e, em consequência, pode deformar outros dedinhos laterais, que chamamos de dedos em garra”, explica.
O desvio do primeiro dedo, que fica fora da rotação de eixo, gera mais dores com comprometimento das articulações, completa Marcos Kardequi Silva Raquel, ortopedista do Hospital Beneficência Portuguesa de Santo André (SP). “Outros problemas, devidos à incongruência articular e má distribuição de carga durante a marcha, podem ocorrer como calosidades na estrutura do pé por conta dessas alterações”, acrescenta.
A predisposição genética é um dos fatores preponderantes para o aparecimento dos indesejáveis joanetes. Outro vilão é o uso prolongado de sapatos inadequados, que provocam pressões nos dedos. Um exemplo é o irresistível salto alto. De acordo com os especialistas, o tolerável é que o salto tenha entre três e quatro centímetros no máximo, para não sobrecarregar a parte dianteira dos pés. “Sapato inadequado é aquele que tem salto muito alto e apertado. As queixas de joanete aparecem mais entre as mulheres porque calçados incorretos são os que elas mais gostam e usam”, aponta Marcos Raquel. A dica é alternar os dias de usar salto
alto e adotar os calçados mais baixos e confortáveis.
No consultório, o diagnóstico do joanete é feito por meio de exame físico em que se verificam as condições dos pés, além de radiografias para conferir o nível de deformidade que varia de leve a grave. “A primeira orientação depois do diagnóstico é o uso de sapato adequado. Se
houve a evolução do problema, a cirurgia é a mais indicada”, continua o ortopedista do Beneficência Portuguesa de Santo André. 
Vale lembrar que pessoas com doenças reumát icas podem ter deformidades nos pés, que se assemelham ao joanete, mas não há qualquer relação. “Doenças reumáticas podem causar deformidades articulares, mas não são consideradas como o joanete simples. O nome é diferente – chamamos de pé reumatoide – e o método cirúrgico também”, informa Marcos Raquel. 
As técnicas cirúrgicas abrangem a remoção da deformidade, o realinhamento ou reconstrução das articulações, dependendo de cada caso. “Não existe um tratamento clínico eficiente para melhorar a deformidade. A cirurgia faz a correção e, dependendo do seu grau, aplica-se o método mais apropriado”, elucida Cibele Réssio. A recuperação ocorre de três a seis semanas, complementa a ortopedista da Unifesp. Repouso e também a utilização de calçado pós-cirúrgico, conhecido como sandália de Barouk, na qual o paciente apoia o calcanhar e deixa a região operada para fora, são outros cuidados.
“No caso leve, a recuperação vai de três semanas, usando o sapato especial, e seis semanas no caso mais grave. Recomenda-se também fisioterapia, entre 17 e 20 dias depois da cirurgia. O joanete só volta se o método utilizado for mal realizado. Após a recuperação a pessoa tem a vida normal, podendo praticar esportes e usar qualquer tipo de calçado”, finaliza Cibele Réssio.


Por: Keli Vasconcelos
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. Julho/Agosto/Setembro – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

INIMIGOS OCULTOS

Atenção à circunferência abdominal pode prevenir várias doenças

© angelhell | istockphoto.com
A síndrome metabólica (SM) é um distúrbio caracterizado por uma série de alterações no metabolismo humano e está diretamente relacionada ao aumento do risco cardiovascular. As associações de pelo menos três dos seguintes sintomas podem caracterizar a SM: o excesso de peso ou obesidade, hipertensão arterial, diabetes melito do tipo 2, intolerância à glicose, altos níveis de colesterol e triglicérides, ácido úrico elevado.
Esses fatores estão ligados à resistência à insulina e podem levar o indivíduo a um quadro muito mais grave, que inclui doenças cardiovasculares como infarto, derrames cerebrais, além de diabetes e doenças vasculares periféricas. Para a médica endocrinologista Denise Reis Franco, coordenadora científica da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ), é importante saber também que a circunferência abdominal é um elemento fundamental na avaliação do quadro, podendo ser marcador significativo do risco cardiovascular.
“A maioria dos fatores de risco metabólico não apresenta sinais ou sintomas, embora o valor da cintura abdominal possa avaliar o diagnóstico. Ele será definido a partir dos achados de circunferência abdominal maior que 94 cm para homens e 80 cm para mulheres, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Este achado juntamente com o exame físico representa aumento da distribuição de gordura intraabdominal (gordura visceral), que pode produzir hormônios e desencadear processos inflamatórios que provocam complicações cardiovasculares relacionadas à SM”, informa a médica. Denise Reis esclarece que os processos inflamatórios presentes na SM podem intensificar o quadro de hipertensão arterial, lembrando que
esta, por si só, pode ser uma das causas da SM.
Segundo a endocrinologista, as prováveis causas da síndrome metabólica têm origem no sobrepeso ou obesidade, resistência à insulina e sedentarismo, mas salienta que o envelhecimento natural aumenta o risco do aparecimento da doença, havendo também fatores genéticos que podem contribuir à resistência a insulina. Além desses fatores, Denise Reis explica que a esteatose hepática (gordura no f ígado), s índrome do ovário policístico (tendência de desenvolver cistos no ovário) e apneia do sono (problemas respiratórios durante o sono) podem estar relacionadas com a doença.
De acordo com a médica, o diagnóstico é feito por exame físico e exame de sangue, esclarecendo que é solicitada a dosagem de triglicérides (tipo de gordura encontrado no sangue), dosagem do perfil de lipídeos (colesterol ) , verif icação da pressão arterial e dosagem da glicemia de jejum (açúcar no sangue).
Quanto aos níveis de colesterol, estes englobam o nível do colesterol chamado LDL e o HDL (chamado de “colesterol bom”), que neste caso ganha destaque, já que é responsável por ajudar a remoção do colesterol das artérias.
Segundo o cardiologista Amilton Silva Júnior, os fatores relacionados à SM como obesidade, hipertensão, alterações no metabolismo da gordura e açúcares são fatores de risco importantes para o desenvolvimento das doenças ateroscleróticas, propiciando aos indivíduos doenças coronarianas. “O paciente com SM está sujeito a consequências danosas como infarto agudo do miocárdio, insuf iciência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e angina pectoris (um tipo de dor que o paciente sente no peito, braço ou nuca geralmente no esforço físico ou estresse emocional)”, diz ele.

Prevenção e tratamento
O tratamento da doença é centrado principalmente na mudança do estilo de vida. O paciente é aconselhado a fazer alterações no seu dia a dia, que vão desde a redução do peso à inclusão de atividades físicas regulares, parar de fumar, mudar a alimentação para uma dieta saudável e atenção ao coração (veja boxe). O primeiro objetivo do tratamento, segundo Denise Reis, é direcionado a reduzir o risco da doença cardíaca e, para tanto, deve-se adequar os níveis de colesterol, controlar a pressão arterial e a glicemia. A médica explica também que, se as mudanças no estilo de vida não forem suficientes para atingir esse objetivo, podem ser associados medicamentos que irão auxiliar nesse controle.
Para a nutricionista Fernanda Castelo Branco, membro da equipe multidisciplinar da Associação de Diabetes Juvenil, o tratamento dos indivíduos com SM deve incluir uma dieta alimentar que atenda às necessidades pessoais do paciente. Fernanda faz referência à avaliação do paciente, por meio de exames específicos, como a bioimpedância (exame que detecta o excesso de gordura na composição corporal) e análise do índice de massa corporal
(IMC). “Através do cálculo de IMC é possível saber se alguém está acima ou abaixo dos parâmetros ideais de peso para sua estatura. Com o IMC é possível medir o grau de obesidade de uma pessoa”, explica.
Outro parâmetro é a circunferência abdominal que pode apontar um risco maior para problemas cardiovasculares. Já a bioimpedância permite que, mediante uma baixa corrente elétrica, se avalie a composição de gorduras e água corporal. Assim se define o que deve ser modificado quanto à alimentação e o plano de atividade física. O interessante é que esse exame ajuda a detectar as chamadas “magras gordas”, ou seja, pessoas magras no peso e com composição de gordura aumentada no corpo, que provoca a desarmonia corporal (celulite, flacidez, gordura localizada e excesso de gordura), o que pode ser fator de risco para outras doenças.
Por fim, ambas as profissionais salientam a importância da utilização de alimentos que auxiliam no aumento do colesterol HDL, diminuindo-se as gorduras, os açúcares e o sódio da alimentação. Denise, por sua vez, cita alimentos como carnes magras, aves (sem ingestão da pele) e peixes, entre outros.


Por: Jeferson Mattos
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. Julho/Agosto/Setembro – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

PERIGO DA LIPOASPIRAÇÃO

A falta de formação especializada pode ocasionar complicações e morte
© Juanmonino | istockphoto.com
A valorização exagerada da estética pela mídia, em geral, os anúncios de página dupla em revistas de clínicas oferecendo lipoaspiração e outros procedimentos em prestações a perder de vista, a frequência cada vez maior de médicos nos meios de comunicação, notadamente em programas femininos de televisão mostrando o “antes e depois” de uma cirurgia, tornou o Brasil o segundo país em realização de cirurgias plásticas.
Diversos médicos se apresentam como especialistas e, portanto, capacitados. O Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira, que fiscalizam os cursos de Medicina, no entanto, informam que o médico que põe no consultório a placa “especialista em medicina estética” comete uma infração ética grave. Estes cursos são, na verdade, cursos de dois anos (lato sensu) e que capacitam o médico a executar procedimentos específicos, como aplicação de toxina botulínica, lipoaspiração, implante de mama, plástica de nariz e peeling cirúrgico.

No Brasil, um médico cirurgião pode executar procedimentos cirúrgicos, incluindo as lipoaspirações, em qualquer área, até mesmo na de cirurgias plásticas. No entanto, para que esse procedimento venha a ser feito por um verdadeiro especialista cirurgião plástico, o profissional deve, além de ter feito a faculdade de Medicina, passar por residência de dois anos em cirurgia geral e mais três em cirurgia plástica. Logo após, sendo aprovado em um exame escrito e oral, poderá ser membro da SBPC – Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, órgão que tem o objetivo de promover e avançar no estudo da cirurgia plástica no Brasil.
“O especialista de verdade ganhou uma formação completa na residência, passou por UTI, viu doenças de todos os tipos. Sabe ver se o paciente que vai fazer lipoaspiração tem uma hérnia que precisa ser corrigida. Toma cuidado para não perfurar o intestino. O médico que cursa essas pós-graduações tem formação segmentada. Depois de operar três pacientes ele está apto? Eu acho que não”, diz José Tariki, ex-presidente da SBCP.
Segundo estudo da entidade, 75% dos procedimentos no País são feitos por motivos estéticos e o restante, 25%, em função de necessidades reparadoras. A lipoaspiração responde por cerca de 20% das cirurgias estéticas e deve ser considerada como uma cirurgia normal, que requer anestesia e todos os cuidados próprios de um procedimento de risco.
Diversos casos têm sido divulgados a respeito de lipoaspirações malsucedidas e que resultaram em morte. Um caso recente, ocorrido em janeiro deste ano, vitimou uma jornalista de 27 anos que trabalhava em Brasília, em uma televisão local. Ela morreu em função de uma perfuração equivocada de uma veia e o médico processado por homicídio doloso. 
A lipoaspiração deve ser feita em um centro cirúrgico, com todo o aparato de emergência, equipamentos de anestesia, monitores para verificação contínua do coração, pressão, respiração e saturação de oxigênio, ressuscitador e desfibrilador. É necessária também a presença de uma equipe de profissionais além do médico. Apesar de todos os cuidados, “nenhuma cirurgia tem risco zero”, diz o médico Luiz Eduardo Felipe Ablas, cirurgião plástico da Universidade Federal de São Paulo, “e nem toda cirurgia estética é indicada a todos”. É preciso se submeter inicialmente a exames e possuir uma boa saúde para a realização da lipoaspiração.
A lipoaspiração é uma técnica criada pelo cirurgião plástico Yves Gerard Illouz, em 1978. Ela é feita por uma cânula introduzida na camada subcutânea, onde estão as células de gordura (logo abaixo da epiderme – a mais superficial – e da derme, intermediária), e visa a sua retirada em locais onde os acúmulos gordurosos não somem com dietas ou exercícios. A lipoaspiração não é indicada para quem quer emagrecer e sim para aqueles que possuem peso adequado à altura e desejam melhorar o contorno do corpo. O recomendado pelo Conselho Federal de Medicina é que não se aspire mais que 7% do peso corporal, quando se usar a técnica infiltrativa e 5% quando se usar a técnica não infiltrativa.
O cirurgião plástico Carlos André Meyer, membro da SBCP, explica que “a técnica infiltrativa é aquela em que a lipoaspiração é precedida pela injeção, na gordura que será inspirada, de uma solução composta de soro, vasoconstritores e, às vezes, anestésicos locais. A solução injetada faz com que as células de gordura inchem, facilitando a lipoaspiração e que as artérias e veias se contraiam, diminuindo o sangramento cirúrgico”.
Essa técnica é obviamente a preferida pelos cirurgiões em detrimento da não infiltrativa, onde nada é injetado e não fazem parte dos procedimentos adotados nas chamadas minilipos, lipoaspiração light e hidrolipoaspiração. “Estes termos não são mencionados nas resoluções do Conselho Federal de Medicina, pois simplesmente não existem. Eles foram inventados pelos médicos não especialistas, que, desiludidos com suas carreiras, enveredam pelo universo da medicina estética e, para baixar os custos da lipoaspiração, criam esses termos”, alerta o médico. Essas intervenções prometem redução de pequenos acúmulos de gorduras localizadas em um dia apenas e são realizadas, muitas vezes, nas próprias clínicas desses médicos.
A recomendação é que, para a realização da lipoaspiração, consulte-se um médico da SBCP, que sejam feitos exames pré-operatórios para uma verdadeira cirurgia e que ela seja realizada em locais adequados como um centro cirúrgico, provido de toda a segurança necessária.


Por: Neusa Pinheiro
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº3. Julho/Agosto/Setembro – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br