segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Visão Subnormal: Capacidade Reduzida


 Pessoas com cerca de 30% ou menos de visão no melhor olho apresentam o problema.

 A visão subnormal, também conhecida como baixa visão, é um comprometimento da função visual que impossibilita a pessoa ter uma visão clara para realização de suas atividades diárias. A baixa visão gera inúmeros transtornos e constrangimentos, e a falta de conhecimento da população em geral acaba por confundir o portador da baixa visão com a cegueira. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal, em média, 70% a 80% de crianças diagnosticadas como cegas, na verdade, possuem certa capacidade visual.
 Mas a visão subnormal não atinge somente crianças. Adultos podem desenvolver baixa visão ao longo da vida. No entanto, quem apresenta baixa visão não pode ser considerado cego, já que possui visão, ainda que diminuída. Várias doenças estão relacionadas à baixa visão, e o tratamento destas doenças de base são fundamentais para melhor qualidade de visão.
 A pessoa com baixa visão deve saber que existe no mercado uma série de equipamentos voltados à adaptação e que permitem condições melhores de vida, além de certos cuidados e procedimentos que podem auxiliar essas pessoas na ressocialização, melhorando sua qualidade de vida e facilitando a execução de suas atividades diárias.
 Para Eliana Cunha Lima, ortoptista - especialista em deficiência visual - e coordenadora dos Programas de
Educação Especial e Clínica de Visão Subnormal da Fundação Dorina Nowill para Cegos, a visão subnormal
e a baixa visão são sinônimos e, por definição, são uma anomalia de pessoas que apresentam cerca de 30% ou menos de visão no melhor olho após todos os procedimentos clínicos, terapêuticos, e uso de óculos convencionais. Segundo ela, essa perda da visão pode ser classificada em  moderada, grave ou profunda.
 O médico oftalmologista Alexandre Costa Lima Azevedo, atual presidente da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, esclarece que muitas doenças podem ocasionar o quadro de visão subnormal. “Em geral, as doenças que causam visão subnormal, até o momento, não têm
cura, porém há tratamentos clínicos e medicamentosos que podem proporcionar estabilidade do quadro,
cabendo ao oftalmologista avaliar e escolher os procedimentos mais adequados.” “Em nosso país, as doenças mais comuns responsáveis pelo desenvolvimento da baixa visão na infância são: catarata congênita, glaucoma congênito, retinopatia da prematuridade e toxoplasmose ocular congênita. 
 Na idade adulta, outras tantas, como retinopatia diabética, glaucoma, retinose pigmentar e degeneração macular relacionada à idade”, diz Eliana Cunha Lima. 
 As pessoas com baixa visão enfrentam inúmeros problemas: “Estas pessoas enxergam de forma diferente nas diversas distâncias, seja de perto, à meia distância ou de longe. Sua percepção visual também varia conforme
a doença, o nível de perda visual e as condições de iluminação do ambiente. Isso traz problemas tanto nas execuções de suas atividades, como também na compreensão por parte das pessoas que convivem com elas”, explica a ortoptista.
 Para ilustrar melhor as peculiaridades desse tipo de transtorno, ela acrescenta: “Os doentes enxergam a lousa, mas não o que está escrito; veem as pessoas, porém não reconhecem sua fisionomia; em geral, conseguem ler somente as manchetes dos jornais, mas não as notícias. Essas situações geram grande constrangimento e dúvidas na família, na escola, no trabalho e nos ambientes sociais que frequentam”, completa a especialista.

Equipamentos úteis

Para amenizar essa situação, existem hoje vários produtos desenvolvidos para adaptar as condições e aproveitar o residual visual que as pessoas com baixa visão possuem, voltados à ampliação das imagens e melhor eficiência visual. Para perto, existem óculos esferoprismáticos, lupas manuais (de apoio e iluminadas)
e lupas de pescoço, entre outros. “Já para longe, telelupas de aumentos variados (mais utilizados para leitura de lousa, letreiros de ônibus e placas de rua); Max TV para assistir à televisão etc.”, relata a profissional. 
 Há também recursos eletrônicos como o chamado cctv e lupas eletrônicas, livros digitais, softwares e livros falados. Em São Paulo, esses produtos são encontrados em impor tadoras, ót icas especializadas e instituições que atendem pessoas com deficiência visual, completa.
 Os médicos reconhecem que a tecnologia vem contribuindo cada vez mais na reabilitação das pessoas com deficiência visual. Existem lupas eletrônicas que são amplamente utilizadas pr incipalmente pelas pessoas com baixa visão grave e profunda. É importante informar que o uso da visão residual não é prejudicial. Muito ao contrário, a utilização da visão proporciona melhor desempenho e eficiência da visão. E mais: a participação e a compreensão da família são fundamentais no processo de desenvolvimento das pessoas com deficiência visual e no resgate de sua autoestima.

Dicas para melhorar a visão subnormal:

 Para aperfeiçoar o resíduo visual das pessoas com baixa visão, nos diferentes ambientes, a ortoptista
Eliana Cunha Lima dá várias dicas. Veja abaixo:
1. Além da ampliação das imagens obtidas com os recursos ópticos e tecnológicos, é fundamental uma iluminação adequada, aumento de contraste, como, por exemplo, louças com cores fortes sobre toalhas claras ou vice-versa.
2. Aproximar os olhos do material de leitura e escrita.
3. Evitar superfícies muito polidas e brilhantes.
4. Para leitura e escrita utilizar lápis 6B e 4B, ou caneta hidrográfica preta, cadernos com pautas escurecidas e mais largas.
5. Sempre que possível , ampliar o tamanho das letras.
6. Em todas as idades, apoiar o interesse e a habilidade da pessoa com baixa visão a executar atividades e tarefas do cotidiano.

Por: Jeferson Mattos

Fonte: Revista + SAÚDE  | Ano 2  | N°6  | Abri, Maio, Junho 2011

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