sexta-feira, 10 de setembro de 2010

GESTÃO DE IDEIAS

A busca de resultados a curto prazo é inimigo do ambiente inovador
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Ideias diferenciadas, implantadas e bem-sucedidas. Assim pode se traduzir o conceito de inovação, um dos principais desafios atuais das organizações. Foi-se o tempo em que falar em inovar era apenas criar produtos revolucionários com tecnologia de ponta, capazes de trazer à realidade o modo de vida dos filmes futuristas de ficção. Hoje, quando se fala em inovação, aborda-se algo mais amplo, que atinge a forma como as empresas gerenciam seus negócios e, principalmente, seus talentos.
“A inovação em gestão no Brasil é mais boa vontade do que prática. Nossas empresas ainda buscam mais a certeza do que o risco”, afirma o coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral, Carlos Arruda. Segundo ele, o maior inimigo do ambiente inovador é a busca de resultados a curto prazo. Isso porque a corrida pela inovação ocorre exatamente no sentido oposto. Trata-se de um desafio de longo prazo, que inclui a predisposição da companhia e de seus gestores para investir em pontos até então desconhecidos que podem não trazer retornos imediatos. “É uma questão cultural, que não se alcança da noite para o dia”, alerta.
Mas o cenário é promissor. O Centro de Referência em Inovação, mantido pela Fundação Dom Cabral, é um exemplo de como instituições de renome estimulam e incentivam a discussão e a troca de experiências. Ali, no Núcleo de Inovação, que prevê grupos de discussão, com trocas de experiências e buscas de soluções criativas para as questões apresentadas. “O grupo é anual. As empresas integrantes decidem os rumos do trabalho, traçam metas e objetivos. O propósito é discutir a inovação e também pesquisar as melhores práticas do mercado”, explica. “Buscamos disseminar o conceito de que inovação é uma prática que deve ser inserida na empresa como um todo e não apenas na alta gestão. É assim que a fundação entende a inovação.”
Um exemplo disso é o cotidiano da Leucotron Telecom, empresa mineira do setor de telecomunicações. Ano a ano, a empresa vem incorporando ao seu modelo de gestão o estímulo à inovação. Depois de diversas ações voltadas para os produtos e para o segmento de atuação, a Leucotron direcionou o foco para os funcionários. Desde 2007, mantém comitês de inovação. A área estratégica desempenha o papel de passar as diretrizes para o comitê gestor de inovação e aprovar os projetos apresentados. Já os gestores buscam informações, elaboram, desenvolvem e implantam os projetos aprovados. Um dos projetos implantados foi a planilha de ideias, na qual o colaborador Leucotron pode registrar sua sugestão sobre qualquer área da empresa em um diretório público. Os gestores das áreas acompanham o que é enviado e na própria planilha colocam a análise da ideia, a ação a ser tomada e a data prevista para início e fim da implantação. "Seguimos um modelo participativo, o que facilita o estilo de comunicação informal e a manutenção de um clima inovador, dando espaço para novas ideias, sugestões, críticas e perguntas", explica o diretor Marcos Goulart. Para o inglês Rowan Gibson, a inovação contínua é a única forma de sobrevivência das empresas e seus profissionais. No livro Innovation to the Core ele aborda a metodologia de geração de ideias, a chamada “quatro lentes da inovação”. Segundo ele, a primeira lente é a do “questionador” - o profissional deve observar e questionar a visão do mundo de seus colegas de trabalho e a sua própria, buscando entender as razões pelas quais as coisas são feitas como são. Outra lente é do “polidor de tendências”. A orientação aqui é a de descobrir como determinada tendência será utilizada. Em seguida, vem a lente do “utilizador”. Nessa fase, o profissional deve olhar suas competências e recursos e questionar sobre como ele poderá utilizá-los
de maneiras diferentes. E, por fim, vem a lente “conhecedor do cliente”. Para Gibson, o profissional inovador precisa entender os desejos de seu público primeiro que a concorrência. E o guru garante que, aplicando as quatro lentes, todo profissional pode se transformar em um inovador.

Autora: Liliane Simeão
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº1. Jan./Fev/Mar – 2010


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