segunda-feira, 13 de setembro de 2010

MAL DAS PERNAS

Longos períodos em pé e o sedentarismo podem agravar o problema
Fazer atividades que demandam períodos em pé sem movimento, ou cultivar os velhos e péssimos hábitos do sedentarismo, do fumo e da obesidade acendem o sinal de alerta: você corre sério risco de ter varizes, problema que atinge aproximadamente 38% da população brasileira.
O sexo feminino é o principal alvo, com incidência 2,5 vezes maior que nos homens. A hereditariedade é um forte indicativo, mas não é fator único. Do mesmo modo, há dúvidas se o salto alto também pode desencadear as varizes. Segundo os especialistas, sabe-se que esse tipo de calçado isoladamente não provoca a disfunção.
As varizes, também, podem aparecer em outros segmentos do corpo, como no esôfago, embora não tenha nada a ver com as populares varizes nos membros inferiores. 
Alterações anormais no calibre e no comprimento das veias superficiais, que auxiliam na circulação e retorno do fluxo sanguíneo ao coração, formam as varizes nas pernas. “Quando as veias superficiais dos membros inferiores ficam dilatadas e com refluxo, passam a ser denominadas veias varicosas”, explica o cirurgião vascular Ivan Casella, diretor de publicações da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP.
“Estima-se que 24% das pessoas com mais de 40 anos tenham doença varicosa em algum grau. Em geral, surgem na idade adulta; mas há quem tenha varizes já na adolescência”, acrescenta o médico. “De acordo com a Classificação da Doença Venosa Crônica (CEAP), as veias alteradas em membros inferiores são basicamente de dois calibres: telangiectasias ou veias reticulares (vasinhos), cujo tratamento pode ser feito basicamente com escleroterapia; e a variz propriamente dita, quando a veia está dilatada e tortuosa, demandando normalmente terapia operatória”, pontua o também o cirurgião vascular Gilberto Narchi Rabahie, do Hospital do Coração – HCor, em São Paulo.
Se não forem avaliadas e tratadas, as varizes geram agravantes que comprometem seriamente a qualidade de vida e a saúde dos pacientes. As complicações vão desde a pigmentação (escurecimento) da pele, passando pela inflamação das veias – a conhecida flebite –, até as temidas úlceras varicosas, que são aquelas de difícil cicatrização. No consultório, o diagnóstico clínico consiste em exames físicos, além de recursos como o Doppler ultrassom, método de imagem mais utilizado para complementar as informações anatômicas necessárias.
Inchaço, dores e o grande desconforto estético são alguns dos dilemas enfrentados pela pessoa com varizes. Um exemplo é o de Cecília Gonçalves da Silva. “Varizes? Tenho e como! Há mais de 30 anos. Várias pessoas da minha família têm varizes, minha filha inclusive”, conta a aposentada de 84 anos. Cecília queixa-se de dores, principalmente quando permanece muito tempo em pé, e já houve episódios em que ficou “com as pernas pretas” por conta da má circulação.
A aposentada usou meias elásticas recomendadas pelo cirurgião vascular, porém recorre atualmente mais à medicação. “Para as dores eu tomo um remédio que o médico já havia me passado. Assim, melhora a dor e o inchaço, que aumenta à tarde e quando está muito quente”, comenta.
E os remédios existentes no mercado resolvem? O cirurgião vascular Ivan Casella responde: “Os medicamentos que chamamos de flebotônicos têm a função de aliviar os sintomas da doença varicosa, como a dor e o desconforto, mas não diminuem o tamanho das veias”, alerta.
No caso das meias elásticas, completa Gilberto Rabahie, do HCor,“devem ser utilizadas conjuntamente com os medicamentos, sendo um tratamento paliativo até o momento da correção cirúrgica. Em condições normais, o tratamento mais adequado é o cirúrgico, devendo ser sempre a primeira opção terapêutica”.
“Outra técnica é a cirurgia a laser, em que é introduzida uma fibra ótica na veia safena para ocluir a veia varicosa”, destaca Ivan Casella. “É importante ressaltar que a cirurgia pelo método laser não é superior à cirurgia convencional”, acrescenta. Casella explica que, no tratamento cirúrgico de varizes, o cirurgião vascular remove as veias dilatadas e insuficientes, deixando as sadias intactas. “No entanto, em alguns indivíduos, essas veias saudáveis podem vir a se dilatar ao longo dos anos, com regressão da doença”, completa.
No caso das microvarizes (telangiectasias), a terapia utilizada é a escleroterapia, na qual é aplicado um líquido concentrado esclerosante na veia por meio de agulha fina, “secando” o vaso afetado. Vale lembrar que os “vasinhos inconvenientes” não evoluem para varizes mais graves. “A tendência é o aumento da extensão do vaso e não do calibre”, esclarece Gilberto Narchi Rabahie, do Hospital do Coração. Portanto, aos primeiros sinais, o passo é buscar ajuda médica, para que a pessoa não acabe “mal das pernas”, literalmente.

Por: Keli Vasconcelos
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº 2. Abril/Maio/Junho – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

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