quarta-feira, 13 de outubro de 2010

COMBUSTÍVEIS DO CORPO

Produzidos por glândulas e órgãos, eles colocam o organismo em movimento
Molécula de testosterona
Nascer, crescer, ter filhos, enfim, viver não seria possível sem determinadas substâncias correndo em nossas veias: os hormônios. “Eles são produzidos em uma glândula e liberados diretamente na circulação sanguínea para atuar em outra glândula ou órgão distante”, define Marcello Bronstein, médico endocrinologista, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Originada do grego, a palavra hormôn, significa colocar em movimento. E é exatamente isto que os chamados “mensageiros químicos” fazem: impulsionam vários processos fisiológicos. “Todas as funções do nosso organismo estão sob o controle hormonal”, explica Maria Tereza Zanella, professora titular da disciplina de endocrinologia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo.
Segundo o professor Bronstein, se considerarmos apenas a secreção das glândulas endócrinas “clássicas”, há no sangue cerca de 20 hormônios circulando. Tais glândulas são a hipófise, tireoide, paratireoides, adrenais, ovários, testículos e pâncreas. Localizada na parte inferior do cérebro, a hipófise é uma pequena glândula (tamanho de uma ervilha) que produz os seus próprios hormônios como o GH, um promotor do crescimento na infância que continua a agir na vida adulta a fim de incorporar proteínas na massa óssea e na muscular, e a prolactina, que propicia a produção do leite após o nascimento do bebê.
Desempenhando papel de comando, a hipófise também secreta hormônios estimulantes para demais glândulas. Este é o caso das gonadotrofinas, que incentivam o ovário a produzir estrógeno e progesterona, induzindo a ovulação na mulher. Já no homem elas fazem os testículos fabricar testosterona e formar os espermatozoides. 
Para possibilitar a secreção dos hormônios da tireoide (T3 e T4), a hipófise libera o TSH e secreta o ACTH a fim de regular a atividade das glândulas adrenais.
As adrenais produzem a aldosterona, substância responsável pela retenção da água e sal no organismo, mantendo a hidratação. Liberam, ainda, a adrenalina e a noradrenalina, substâncias importantes para a manutenção da pressão arterial, cuja concentração no sangue aumenta diante de uma situação de estresse.
“É originado também nas adrenais o cortisol – conhecido popularmente como corticoide –, hormônio essencial para o metabolismo do hidrato de carbono, que possui ação antiinflamatória. Quando produzido em demasia, provoca acúmulo de gordura no abdome”, informa Maria Tereza.


Mecanismo de equilíbrio
Nem excesso, nem insuficiência. Para o organismo funcionar bem, a quantidade dos hormônios na circulação sanguínea precisa ser exata. Mas qual seria a receita para manter as dosagens adequadas? De acordo com o endocrinologista Bronstein, o equilíbrio hormonal é mantido por si mesmo.
Um mecanismo chamado feedback é o principal regulador da secreção dos diferentes hormônios. Para explicá-lo, a professora Maria Tereza usa uma metáfora. “Imagine uma caixa d’água. No cano de entrada do reservatório existe uma boia. Quando a água chega ao topo, a boia fecha e estanca a entrada do líquido.”
O mesmo esquema rege o funcionamento de todos os hormônios. Veja um exemplo: quando a pessoa se alimenta, o nível de glicose sobe. Em resposta, o pâncreas envia a insulina para o sangue, fazendo a glicemia cair. A queda na glicose bloqueia a secreção da insulina e estimula o pâncreas a liberar o glucagon (hormônio antagonista da insulina), que retira a glicose estocada no fígado e a lança na circulação, evitando a hipoglicemia.
Se não houver reserva de glicose no fígado para ser retirada, entra em cena outra glândula — a adrenal fará o cortisol transformar proteína em glicose, fornecendo, assim, a energia necessária para a sobrevivência do organismo.
Esse mecanismo de autocontrole hormonal só é rompido se houver algum problema numa glândula. Neste caso, a consequência será o surgimento de doenças geradas por produção excessiva ou deficiente de hormônios. O diabetes causado por falta de insulina é um bom exemplo.


Produção nos órgãos
Embora muitos ainda não saibam, a secreção de hormônios não é atividade exclusiva das glândulas. Os órgãos também produzem essas substâncias. Os rins liberam a renina que dá origem à angiotensina, hormônio que, além de regular a pressão arterial, controla a produção de aldosterona na adrenal.
Já o intestino produz os peptídeos, responsáveis pela indução da saciedade. E ainda no sistema gastrointestinal se destacam as incretinas, hormônios responsáveis pelo nível adequado na produção de insulina e glucagon, no pâncreas.
Até o peso do corpo é monitorado por um hormônio originado no tecido adiposo: a leptina, cuja concentração no sangue sobe quando aumenta a quantidade de gordura. A elevação dos níveis dessa substância faz o hipotálamo induzir a saciedade e ampliar o gasto de energia. Se, ao contrário, houver perda de gordura, a concentração de leptina diminui, o indivíduo sentirá mais fome e reduzirá o gasto energético. 
Por fim, há uma série de substâncias produzidas no hipotálamo, uma região do cérebro. “A grande maioria delas tem a função de modular a secreção de hormônios da hipófise e de outras glândulas endócrinas”, finaliza Maria Tereza.

Por: Sueli Zola
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº2. Abril/Maio/Junho – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

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