terça-feira, 5 de outubro de 2010

O CONTROLE DA INSULINA

Conheça os métodos para medir a glicemia
© Fo2trends | Dreamstime.com
Um dos principais hormônios do nosso organismo é a insulina. Produzida no pâncreas, ela é responsável por transportar o açúcar retirado da alimentação e levá-lo, através do sangue, para as células do nosso organismo. Quando falta a insulina, aumenta o índice de glicose no sangue e, consequentemente, instalase o diabetes, doença relacionada à falta ou diminuição da produção do hormônio insulina. O diabetes descontrolado, por sua vez, pode gerar uma infinidade de doenças, como problemas cardiovasculares (infartos e derrames), problemas de circulação (que podem acarretar amputações de membros), enfermidades no rim (nefropatia diabética), doença ocular que pode levar à cegueira (retinopatia diabética), entre outras.
No entanto, é importante que o diabético saiba que, atualmente, existem vários recursos destinados a auxiliá-lo no controle da doença e que manter o diabetes controlado não é uma tarefa tão difícil como antigamente.
A médica endocrinologista Vivian Arruda, da Associação Nacional de Assistência ao Diabético (Anad), explica que, para aferir o controle glicêmico, há uma série de métodos utilizados com sucesso. “Usamos basicamente a dosagem da glicemia capilar. É prático, rápido e praticamente indolor. O paciente dá uma ‘picadinha’ no dedo com uma pequena agulha acoplada em um dispositivo chamado lancetador; recolhe a gota de sangue na tira
reagente; e rapidamente o resultado está disponível na tela de um aparelho chamado glicosímetro”, esclarece.
Segundo Arruda, há também fitas reagentes para testes de glicemia através da urina, mas hoje eles não são mais preconizados para monitoração e controle da glicemia, pois apresentam certa limitação, como a glicose só aparecer na urina quando superior a 180 mg/dl. A médica cita ainda duas ferramentas extremamente úteis usadas em alguns casos: o chamado CGMS – Continuous Glucose Monitoring System, um sensor subcutâneo acoplado a um dispositivo de leitura que fica adaptado ao cinto do paciente e obtém medidas de glicemia a cada 5 minutos por até 72 horas, para então serem analisadas por um programa de computador. E o Glucowatch Biographer, um sensor de glicose semelhante a um relógio de pulso. Mediante uma reação química, ele faz leituras da glicemia a cada 10 minutos durante 12 horas, oferecendo ao paciente perfis de sua glicemia em tempo real, alertando com um alarme as tendências a hipo (baixa) ou hiper (alta) glicemia.
Outro método importante para o diabético é a chamada contagem de carboidrato, que consiste na orientação nutricional para quantificar os carboidratos (açúcar) ingeridos por refeição para manter o controle da glicemia. A nutricionista Érica Cristina da Silva Lopes, especialista em Nutrição Clínica, Geriatria e Gerontologia e Educadora em Diabetes, explica sobre a contagem de carboidrato: “Para iniciar a contagem de carboidratos, pode-se utilizar como regra geral a seguinte relação de insulina para gramas de carboidratos: 1 UI de insulina rápida ou ultrarrápida para cada 15 a 25 g de carboidratos ingeridos”, alerta. Para calcular a quantidade total de carboidrato da refeição, é importante consultar os rótulos dos produtos e as tabelas de composição dos alimentos ou porções de equivalência de gramas de carboidratos. Com a contagem, após a adaptação e os ajustes da razão insulina x carboidrato, o diabético terá uma maior liberdade na escolha dos alimentos.
Um novo método desenvolvido pelo Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Centro de Hipertensão e Metabologia Cardiovascular – ligado ao Hospital do Rim e Hipertensão da Unifesp e que tem a coordenação de Augusto Pimazoni Netto – traz uma nova abordagem para corrigir o descontrole do diabetes.
Basicamente, a abordagem consiste em intervenções intensivas de caráter diagnóstico, educacional e terapêutico que, agindo de forma interativa, promovem o controle do diabetes em cerca de 70% dos pacientes, num prazo médio de quatro semanas. ”O paciente recebe um monitor de glicemia e as tiras reagentes para realizar de seis a sete testes por dia, em sua própria casa, durante três dias por semana, durante quatro semanas. Nas consultas semanais, os resultados do monitor são baixados para o computador, onde um programa especial analisa os dados e gera três tipos de avaliação: o perfil glicêmico, a glicemia média semanal e a variabilidade glicêmica (intervenção diagnóstica)”, descreve Pimazoni.
Segundo ele, com base nessas análises, a equipe de saúde – composta de médico, enfermeira, nutricionista, psicóloga e educador físico – avalia o esquema terapêutico mais indicado para cada paciente (intervenção terapêutica) e as necessidades de educação e orientação do paciente (intervenção educacional). Os ajustes de tratamento são feitos semanalmente, até que o paciente consiga atingir as metas desejáveis de controle do diabetes, o que ocorre num prazo médio de quatro semanas para 70% dos portadores da doença, desde que sigam as orientações recebidas.
“Nos métodos tradicionais, não há intervenções intensivas: os pacientes realizam poucos testes, de forma irregular e aleatória, que não auxiliam o médico a definir o melhor tratamento”, diz. Para o especialista, qualquer tipo de diabetes pode ser beneficiado por essa nova abordagem, esclarecendo que a experiência maior tem sido com portadores de diabetes tipo 2 (diabetes do adulto), mas vários pacientes do tipo 1 (diabetes da criança e do jovem) também já se beneficiaram.
Além do Hospital do Rim e Hipertensão da Unifesp, onde são atendidos os pacientes do SUS, o novo método é aplicado no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e recebeu o Prêmio Procópio do Valle, concedido pela Sociedade Brasileira de Diabetes, em 2009.

Por: Jeferson Mattos
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº2. Abril/Maio/Junho – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

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