terça-feira, 26 de outubro de 2010

RETINA EM PERIGO

Traumatismo, inflamação ou miopia podem levar ao descolamento retiniano
© pryzmat | istockphoto.com
A psicóloga Inês nem percebeu uma espécie de sombra no seu olho direito, acostumada com os 11 graus de miopia que afetavam a visão daquele lado. “Desde pequena estava acostumada a praticamente só usar o olho esquerdo, no qual tenho menos de dois graus de astigmatismo. Por ser estrábica, passei por tratamento para corrigir o desvio, que não impediu a miopia progressiva em um dos olhos”, conta ela.
Inês soube que sofrera um rompimento da retina, diagnóstico confirmado pelo cirurgião que, depois da tentativa frustrada de recolocar a membrana no lugar, informou que ela perderia definitivamente a visão daquele olho. Hoje, a psicóloga continua a enxergar bem com o olho esquerdo, que permanece com visão estável, e usa uma prótese estética para esconder a atrofia do olho cego. 
Por ter acompanhado o caso da irmã, a advogada Tereza ficou em pânico quando soube que estava com descolamento posterior do vítreo e que isso poderia evoluir para o descolamento da retina. O diagnóstico veio um dia após começar a perceber uma espécie de teia que prejudicava a visão em um dos olhos, o que não melhorou nem com colírio, pomada oftálmica lubrificante ou depois de uma noite de sono. “Corri para o
oftalmologista e fui diagnosticada como ‘Síndrome das Moscas Volantes’”, explica.
Para verificar as chances de complicações, o médico recomendou exames sequenciais de mapeamento de retina. Depois de dois meses de acompanhamento mais intenso, foi descartado o risco para a retina – uma das consequências do descolamento posterior do vítreo, que, em casos benignos como o de Tereza, resulta apenas na formação de pontos pretos e não prejudicam a visão.

Vítreo e retina
O oftalmologista Fabrício Witzel de Medeiros, pós-doutorado no Departamento de Oftalmologia da Cleveland Clinic Foundation (EUA), explica que o vítreo é uma substância gelatinosa que preenche o interior do globo ocular e tem como função a proteção das estruturas internas do olho. “O descolamento posterior do vítreo é o processo provocado pelo seu desprendimento da retina – tecido responsável pela captação das imagens e sua transmissão para o cérebro.”
Tanto o descolamento da retina quanto o do vítreo, podem ser causados por traumatismo, inflamação ou miopia acentuada.
Para a diretora médica do Centro de Oftalmologia Especializada, Beatriz Takahashi, a principal causa de descolamento do vítreo é a idade, com a liquefação do gel e a perda de colágeno decorrente do envelhecimento do organismo. Sua informação se apoia em dados estatísticos, mostrando que o índice de ocorrência de descolamento de vítreo é de 27% entre 60 e 69 anos. O restante ocorre depois dos 70 anos, mas pode aparecer mais cedo em pacientes míopes ou submetidos a um grande estresse.
Nos casos que afetam a retina, a doutora Beatriz soma outros fatores predisponentes, como complicações pós-cirurgia de catarata; a formação de “traves vítreas” em olhos muito inflamados ou o aparecimento de vasos anômalos em alguns casos de diabetes. Fabrício Witzel inclui outras possibilidades: “Existem várias doenças inflamatórias e infecciosas que levam à formação de áreas de fibrose no vítreo que acabam tracionando a retina, provocando a formação de roturas e descolamento. Toxoplasmose, por exemplo, é um agente bastante disseminado na população que pode induzir esse tipo de alteração, além de cicatrizes retinianas diretas”, exemplifica.
Ele alerta também sobre o fator genético: “Pessoas que já apresentaram o problema ou têm casos na família têm maior chance de descolamento de retina e precisam ser monitoradas de maneira mais próxima”.


“Moscas volantes” 
O descolamento do vítreo pode se manifestar por meio da chamada “Síndrome das Moscas Volantes” – alteração da visão provocada pela formação de “grumos” no gel ocular que provocam a sensação de linhas ou pontos pretos nos olhos. Não existe tratamento para evitar esse processo, mas a alteração pode desaparecer com o passar do tempo.
O problema pode ser mais sério quando ocorre o tur vamento da visão ou flashes de luz, provocados pela tração das áreas do vítreo mais ader idas à retina. “Quando isso ocorre, o vítreo pode puxar a retina e formar uma rotura”, diz Takahashi. Nessa fase ainda são possíveis alguns tratamentos preventivos, para evitar o descolamento da retina. 
“Nos locais com grande adesão ou onde acontece um rasgo pode ser feita a fotocoagulação para proteger a área e evitar descolamento de retina”, descreve a oftalmologista, informando que os tratamentos incluem também a injeção de gás, quando se percebe a formação de “buracos” na membrana.
Constatado o descolamento, o tratamento pode exigir a utilização de laser e cirurgia para recolocar a retina na posição cor reta, no fundo do olho. Mas o tempo entre o aparecimento dos sintomas e o atendimento médico é determinante para garantir o sucesso do tratamento.

Por: Eli Serenza
Fonte: + Saúde Magazine. Ano 1, nº2. Abril/Maio/Junho – 2010
Contato: maissaudemagazine@portoalegreclinicas.com.br

Um comentário:

  1. Por favor,quem tve rompimento de retina e fez cirurg. a lazer e foi coloc.gás,me falem,como é a recuperação,o repouso,qnto tempo p.voltar a engergar e como é o durante e depois,quase niguem sabe como deve ser o repouso,nem o propio medico,me ajudem!!!obrigada!!!paz e luz!

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